Vírus adormecido no corpo pode causar dores extremas quando reativado
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Vírus adormecido no corpo pode causar dores extremas quando reativado

Descrito como “oportunista”, o vírus da catapora provocou o aumento de casos do herpes zoster durante a pandemia de Covid-19.¹

“Não parava de doer. Houve dias em que me contorci, chorei. Parecia que os remédios não faziam efeito”. A servidora pública Ester*, de 34 anos, narra os sintomas do herpes zoster, doença causada por um vírus que pode estar “adormecido” no corpo de milhões de pessoas no mundo, segundo dados do centro de controle e prevenção de doenças estadunidense, cerca de 99,5% dos adultos acima de 50 anos podem estar infectados com o vírus responsável por causar o herpes zoster.² 

O herpes zoster é provocado pelo vírus  varicela zoster, mesmo vírus responsável por causar a catapora.² Quem já desenvolveu a doença ou teve contato com o vírus em algum momento da vida pode permanecer com ele latente.² Quando o organismo sofre uma redução na imunidade, que é mais comum conforme envelhecemos, o vírus pode se manifestar na pele, gerando erupções cutâneas que podem durar de duas a quatro semanas.² O adoecimento provoca dores intensas que são capazes de prejudicar significativamente as atividades cotidianas.2,3 

O estudo “Prevalência de anticorpos para o vírus da varicela zoster em adultos jovens de diferentes regiões climáticas brasileiras”, publicado em 2003 na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, aponta que até 94% da população no Brasil pode estar infectada com o vírus causador da catapora. 4,7 Além da idade acima de 50 anos, pessoas com comorbidades tais como, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer, pessoas vivendo com HIV, pacientes submetidos a transplantes, etc, têm risco aumentado para a doença.2,5 

A paciente Ester recebeu o diagnóstico do herpes zoster em 2019 e ficou apavorada. Primeiro, por conta das lesões. Depois, devido a dores as quais classificou como “paralisantes”.  

“Conhecia pouco sobre a doença. À época eu estava em um ritmo muito acelerado de trabalho, segundo os médicos que consultei, o estresse pode ter abalado minha imunidade. Os primeiros sintomas foram formigamento na região da costela”, conta, em entrevista à MIT Technology Review Brasil.  

A partir disso, o caso se agravou. A paciente lembra que as dores foram ficando cada vez mais fortes e frequentes, como relatado no início do texto. Ela passou a temer a neuralgia pós-herpética, ou seja, que persiste mesmo após a recuperação das erupções cutâneas, tornando-se crônica.² 

“Comecei a me desesperar. Quando soube que em alguns casos a dor se torna persistente, fiquei muito assustada. Sentia que a pele estava cicatrizando, mas a dor continuava”, afirma. 

Ester só se recuperou totalmente um mês após os primeiros sintomas. “Eu não conseguia trabalhar, cuidar da minha casa, fazer as coisas do dia a dia. É uma doença aterrorizante. Eu emagreci, sofri, fiquei sem dormir. Foi uma das piores experiências da minha vida”, conclui Ester.  

Aumento de casos 

Os casos do herpes zoster subiram 35% após o início da pandemia de Covid-19, conforme um estudo realizado pela Universidade Estadual de Montes Claros, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig)1. Segundo os pesquisadores, a principal hipótese para a correlação entre as duas doenças é que o vírus aproveita a sobrecarga do sistema imunológico durante a infecção pelo coronavírus.¹ 

A infectologista do Instituto Emílio Ribas, Rosana Richtmann, explica que a reativação é imprevisível. “O vírus é oportunista, ele se aproveita de uma baixa da imunidade para a reativação, que pode ocorrer até por uma questão emocional, de outras doenças, como tratamento do câncer, ou desequilíbrio de nossa imunidade, como no pós-Covid.”, afirma.  

A doença não se restringe às erupções cutâneas. A médica alerta que o varicela zoster pode destruir nervos e desencadear dor crônica. “Ele tem afinidade por terminações nervosas, por isso causa tanta dor.”, diz.  

Doença caracterizada por dor intensa 

O herpes zoster é considerado uma doença altamente dolorosa devido aos seus sintomas que podem incluir dores neurálgicas, formigamento, adormecimento, febre, dor de cabeça e mal-estar.2,5 A recuperação exige repouso. Em média, as horas combinadas de perda de trabalho por absenteísmo e presenteísmo são estimadas em 14,5 dias.6  

“No caso de idosos, a pessoa doente fica acamada, dependente. Além disso, temos outras complicações. Na face, por exemplo, pode desenvolver um zoster oftálmico, a depender da região infectada, paralisia facial. Até encefalite e AVC podem ser desencadeados pelo varicela zoster. Diante das demais complicações, as lesões cutâneas chegam a ser menos relevantes”, destaca Rosana 

Prevenção e Tratamento do herpes zoster 

O tratamento do herpes zoster é geralmente realizado com antivirais, mas a dor pode persistir mesmo após o desaparecimento das erupções.2,5Ao notar o aparecimento das primeiras feridas, é indicado que o paciente seja examinado pelo médico e receba as orientações necessárias. Converse com o seu médico para saber mais sobre o herpes zoster, você não precisa sentir na pele essa dor. 

*Nome fictício utilizado a pedido da entrevistada 

REFERÊNCIAS: 

1 – MAIA, CMF. et al. Increased number of Herpes Zoster cases in Brazil related to the COVID-19 pandemic. International Journal of Infectious Diseases, 104, 732-733, 2021. 

2- CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Prevention of herpes zoster: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP).  MMWR, v. 57, RR-5, p. 1-30, 2008. 

3- VAN OORSCHOT, Desirée et al. A cross-sectional concept elicitation study to understand the impact of herpes zoster on patients’ health-related quality of life. Infectious Diseases and Therapy, v. 11, n. 1, p. 501-516, 2022. 

4- REIS, A.; et al. Prevalência de anticorpos para o vírus da varicela-zoster em adultos jovens de diferentes regiões climáticas brasileiras. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 36: 317-320, 2003. 

5- MINISTÉRIO DA SAÚDE. Herpes (cobreiro). Disponível em: < https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/herpes-cobreiro-1> Acesso em 05 de dezembro de 2023. 

6- SINGHAL, Puneet K. et al. Work and productivity loss related to herpes zoster. Journal of medical economics, v. 14, n. 5, p. 639-645, 2011. 

7- CLEMENS, S. et al. Soroepidemiologia da varicela no Brasil – resultados de um estudo prospectivo transversal. Jornal da Pediatria, v. 75, n. 433-441, 1999 


Material dirigido ao público em Geral. Por favor, consulte seu médico. 

NP-BR-HZU-JRNA-230018 – Janeiro/2024 

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