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A mais recente edição da revista da MIT Technology Review Brasil mostra como estão os caminhos para transição energética, explorando os desafios das tecnologias emergentes nesse cenário e as políticas em pauta no Brasil e no mundo.
A ilustração dessa edição, que foi feita pela dupla PB Arts, traz estímulos subjetivos para representar a transformação do setor, com cores vibrantes e formas que fazem referência à dinâmica e à urgência da mudança.
No podcast desta semana, André Miceli e Rafael Coimbra apresentam a edição, que traz as perspectivas de consolidação que acompanham os principais movimentos de inovação do setor energético.
O episódio também conta com o Momento Data Insights, apresentado pela InterSystems. Convidamos Aspen Andersen, Vice-presidente de Gente e Tecnologia na Vibra Energia.
Este podcast é um oferecimento de SAS.
[TRILHA SONORA – ABERTURA]
[ANDRÉ MICELI]
Olá, sou André Miceli, e esse é mais um podcast da MIT Technology Review Brasil. Hoje, eu e Rafael Coimbra vamos falar sobre a nossa edição mais recente. A gente acabou de lançar a edição Energia e lá trouxemos caminhos, rotas e alternativas para uma sociedade mais sustentável que vai nascer a partir de toda essa revolução.
Antes da gente começar, eu quero dizer que esse podcast é um oferecimento do SAS, líder em Analytics, e convidar você para entrar para nossa comunidade, cheia de conteúdo específico para quem está com a gente, lá em www.mittechreview.com.br/assine.
Rafael Coimbra, vamos começar da forma que a gente começa os podcasts que lançam as edições. Faz um resumão, para mim, do que é a edição Energia.
[RAFAEL COIMBRA]
A gente está falando, André, da questão energética com uma visão muito clara de que a gente sabe que tem um problema, isso está conhecido, todo mundo conhece. Temos que fazer algum tipo de mudança para que a gente continue neste planeta. Os recursos estão se esgotando, a gente está ainda numa sociedade viciada em carbono e a gente precisa resolver esse problema.
A gente sabe, André, também, quem são os atores de uma maneira geral que tem que participar. Na verdade, todo mundo, você tem governos, você tem a sociedade, você tem, para pegar aqui o exemplo que a gente coloca na revista de atores, os eixos do MIT RIP, do Programa de Aceleração Regional do MIT. Então, a gente está falando de governo, academia, startups, grandes empresas, o dinheiro. Como é que essas pontas todas conseguem se coordenar para resolver esse problema? O que a gente ainda não sabe exatamente é como resolver esse problema.
E aí, nós apresentamos cenários. A gente fez uma edição bem agnóstica, a gente não está aqui dizendo que tem que fazer assim ou assado, o que a gente apresenta são cenários, são rotas, são caminhos que hoje, a partir da luz que a gente tem hoje, da ciência, da pesquisa, desses atores todos que eu acabei de citar, para onde eles estão se movimentando, a gente consegue enxergar algumas opções. E essas opções são colocadas na mesa e a gente tem que decidir.
O fato, a grande questão hoje, André, talvez seja uma falta de coordenação global para que essas pontas acabem tendo um direcionamento. Mas sim, existem respostas. Uma conclusão também de uma maneira geral que a gente observa, ouvindo os especialistas e a gente traz vários deles para a nossa edição, é que não existe uma bala de prata, não vai ter, por exemplo, uma super tecnologia que da noite para o dia resolva todos os problemas. Sim, é possível que algumas delas sejam bem disruptivas, no caso, para se dar um exemplo aqui, a fusão nuclear é uma grande promessa, quando ela surgir, se ela surgir, ela realmente vai ajudar muito a reduzir esses impactos.
Mas eu ressalto, André, um lado invisível, diria assim, da nossa dependência do carbono. A gente está acostumado a ter esse tipo de debate olhando para trocar o carvão pelo hidrogênio verde, por
exemplo. Mas a gente esquece, muitas vezes, que a questão do carbono está entranhada em laços que a gente não enxerga. Por exemplo, me vê aqui, agora conversando contigo, a imagem que tem em um livro que se chama Como o Mundo Funciona, tem tradução em português, que explica, olha, em um tomate que você come, você às vezes não está vendo, mas ali tem um monte de carbono, tem o carbono que veio da produção da amônia, que foi sinteticamente inserida para plantar aquele tomate, tem o transporte dele, tem um agroquímico que foi colocado ali, um agro defensivo, tem uma série de nuances dentro dessa carbonização. Olha para o teu lado agora, você que está nos ouvindo, o que tem de plástico ao seu redor, isso tudo é carbono, isso tudo tem a ver com a indústria de óleo e gás, por exemplo. Mas a gente está acostumado a lembrar só, né, do petróleo ali, da gasolina.
Não, nós, humanos, criamos uma sociedade mundial viciada, dependente de carbono, então, sair desse modo para um modo mais verde não é às vezes só transformar uma tecnologia, trocar uma tecnologia por outra, é fazer com que a gente realmente abandone um modelo ao qual estamos dependentes, e isso não é uma tarefa simples, não é uma tarefa que vai ser feita por um ator, são várias frentes que tem que entrar em campo e a gente está apresentando nessa edição essas alternativas, para que a gente tenha um cardápio de opções e faça o dever de casa que tem que ser feito.
[ANDRÉ MICELI]
Bom, nesse processo de diminuir o carbono, ou seja, de descarbonização, a gente tem outros Ds. Os 4 Ds da transição energética que são descarbonização, claro, a descentralização, a digitalização e a democratização. Só que, Rafa, em alguns aspectos, democratizar aumenta o consumo de energia, que faz com que o problema supostamente piore. Tem um paradoxo nessa estrutura, é óbvio que a gente precisa levar energia para o mundo inteiro, mas é óbvio também que, se esse processo não for bem desenhado, a gente aumenta e não resolve o problema. Como que a gente faz esse balanceamento entre os 4 Ds da transição energética, Rafa?
[RAFAEL COIMBRA]
E tem, André, adicionando a esse seu ponto, um desbalanço temporal, porque o que a gente observou ao longo dos últimos anos foi que as nações desenvolvidas cresceram a base dessa carbonização. Os países, hoje líderes, as economias de ponta, eu estou falando aí de Estados Unidos e China, para acertar os dois do topo do ranking, elas foram criadas essas economias a base de carbono, tomo e carbono.
Então, se você pega um país hoje mais pobre, uma nação mais pobre, ela vai contar com o recurso que ela tem disponível. E justamente os recursos disponíveis, os mais baratos, são aqueles mais poluentes, infelizmente, não é barato fazer essa transição. Então, dentro desse conceito da democratização, André, que você está trazendo, essa conta precisa ser paga, essa conta, esse equilíbrio precisa ser estabelecido. É alvo de muita controvérsia, a gente tem acompanhado isso em todas as cópias, em todos os grandes debates mundiais. Ninguém quer pagar a conta, essa é a verdade, os países desenvolvidos falaram, dão dinheiro aqui, mas não sou só eu responsável. E os
países mais pobres dizem, olha, agora que chegou a minha hora de crescer, eu também vou ter que pagar a conta, eu não vou poder carbonizar, vou ter que frear meu crescimento econômico em detrimento do resto do mundo. Então, é uma desculpa, é um debate que precisa ser feito, mas eu volto aqui no ponto central.
Tem que se falar em dinheiro, tem que se colocar o preço dessa transição, e tem que ver quem vai pagar mais ou menos por essa conta. Não dá para a gente achar que isso vai ser feito de graça, só como base na boa vontade de governos e da sociedade, não vai. Se não doer no bolso de alguém, ou se a gente não apresentar essa conta para alguns atores, isso não acontece. E, óbvio, aí pode se discutir, né? Muita gente acha, sim, que a responsabilidade, a responsabilidade tem que ser assumida por todos, mas em que grau é que está a discussão.
Então, tem muita gente que, por exemplo, coloca como a indústria do óleo e gás como uma grande responsável. Ela deveria pagar mais por essa transição do que outras indústrias. Afinal de contas, essa indústria é responsável pela maior parte do que a gente está falando aqui. E aí, só um ponto interessante, André, porque quando eu estou falando nisso, pode ficar uma impressão de demonização, por exemplo, do setor de óleo e gás, que está fazendo parte da transição. Mas é importante notar que as grandes empresas de óleo e gás hoje têm essa consciência e mais têm esse dinheiro que eu estou falando.
E, às vezes, eu vejo que tem uma reação, por exemplo, de startups, que às vezes não querem nem se colocar nesse mercado, porque não querem se juntar a uma indústria poluente. Eu não vou fazer parte desse troço. Eu vou ficar fora inventando aqui uma solução inovadora que vai resolver o problema do mundo, mas não quero contar com dinheiro, por exemplo, de uma indústria de óleo e gás. Eu já penso diferente. Eu acho que é o momento de apresentar a conta.
Se você acha que essa indústria tem que pagar a conta, o que tem de programa de inovação hoje fomentada por grandes empresas de óleo e gás é muita coisa que está em jogo. Então, eu não acho um absurdo que, sim, essas empresas e elas precisam, André, por mais que elas tenham pesquisa e desenvolvimento, sejam líderes em várias tecnologias, elas sabem que elas precisam trabalhar com programas de inovação abertas, com um ecossistema que traga soluções interessantes que realmente façam essa transformação. E, novamente, elas têm cheque para apresentar e desenvolver essas inovações. Então, abre um olho quem está pensando em inovar nessa área energética, porque dinheiro tem, dinheiro às vezes vai vir de uma coisa considerada poluente, mas que vai ter que ter. Alguém tem que pagar essa conta e muitas vezes vai ser uma empresa de óleo e gás.
[ANDRÉ MICELI]
Rafa, tem um outro ponto que você trouxe nessa edição que fala sobre Green AI. A gente tem visto nos últimos meses, o último ano e meio, um crescimento exponencial do uso de Inteligência Artificial e, naturalmente, a gente precisa pensar o que isso significa para as metas de transição energética.
Tem uma questão com o processamento de dados, tem uma questão com o armazenamento, quanto mais os algoritmos funcionarem, maior vai ser o ímpeto das empresas em armazenar dados para que depois eles sejam insumo para o funcionamento desses algoritmos de Inteligência Artificial e todo o processo de gestão de ciclo de vida dos dados e do processamento que os algoritmos de
Inteligência Artificial terão a partir da sua popularização, tem impactos nessa questão de transição energética. Qual foi a sua reflexão sobre esse assunto no artigo, no ensaio que você fez para a nova edição?
[RAFAEL COIMBRA]
André, dá para a gente dizer que haverá um crescimento de gasto energético por conta do aumento do uso da Inteligência Artificial. E aí, estou falando aqui de uma maneira geral, a gente tem Inteligências Artificiais, mas se a gente pegar, no caso da Inteligência Artificial generativa, essa do ChatGPT, ela, por si só, já é uma grande consumidora de energia. Dá para a gente também diferenciar aqui a fase do treinamento, então grandes empresas como a OpenAI, a Meta, o Google, elas treinam um volume muito grande de dados, elas colocam esses dados em supercomputadores que ligados ali, vários processadores em rede, eles fazem cálculos probabilísticos, então nesse momento do treinamento tem um gasto muito alto de energia e depois que essas máquinas são treinadas, tem aquele segundo momento em que você vai fazer uma pesquisa num ChatGPT, num Gemini da vida, e a máquina vai te dar uma resposta. Ali também tem um outro tipo de gasto de energia, só que quando a gente vai calcular, não dá para ter uma leitura muito clara, porque como você bem ressaltou, são diversos usos da Inteligência Artificial.
Então, se eu fizer uma pesquisa simples, fizer uma pergunta boba para um ChatGPT, a resposta vai ser mais simples e gastar menos energia. Mas se eu dou uma tarefa muito mais complexa, ou quando eu uso elementos mais complexos, por exemplo, pedir para a máquina fazer, gerar uma imagem, isso vai gastar mais energia. Daqui a pouco a gente vai pedir para gerar vídeo, vai ser mais energia. Se o vídeo for em 4K em 3D, mais energia. Cada vez que a gente esteja evoluindo dentro dessa IA multimodal, os gastos aumentarão.
Então, vai ter uma relação entre o tipo de pesquisa que está sendo feito, mas também se a gente vai usar mais ou menos. Só para a gente comparar, você fizer hoje uma pesquisa num ChatGPT ou num Gemini da vida, você vai gerar mais gasto energético do que o bom e velho Google. O bom e velho Google já está lá mais ou menos mapeado, a máquina já tem lá os sites, ela aponta um site e dá um resultado rápido e sem grandes consumos de energia. Mas, no caso das IAs generativas, é mais complexo. Então, se a gente mudar o nosso comportamento social e a maior parte das pessoas deixar de fazer uma pesquisa simples num Google ou num Bing e partir para essas e AIs generativas, nós aumentaremos só pela mudança de comportamento o gasto energético. O fato é que essas e IAs também, André, elas começam a ficar embarcadas em outros processadores.
Por exemplo, eu estava ouvindo esses dias as palestras das apresentações do MIT EMTech AI, que aconteceu lá em Londres, aliás, se você é assinante, espera aí que a gente está preparando um material bem legal em que eu acompanhei dois dias de discussões, apenas sobre inteligência artificial.
E aí, tinha uma pessoa, se não me engano, da Meta, falando que o futuro vai ser também de IAs embarcadas dentro dos smartphones, sem contato com esses data centers, com a nuvem, porque a gente vai precisar de privacidade de dados. Então, se eu quiser conversar, por exemplo, com o meu médico, a AI do meu médico e quiser ali trocar uma ideia com ele sobre, sei lá, um exame de sangue que eu fiz, essa informação fica mais protegida se ela estiver só no meu smartphone. Então, você
imagina uma AI multimodal, generativa, embarcada, só no meu telefone, ela não pode sair dali, não pode ter conexão com a nuvem ou com servidores dessas e IAs grandonas, porque eu quero proteger, são dados sensíveis, eu não quero que ninguém saiba o que está acontecendo ali na minha conversa. Ora, eu vou aumentar o gasto energético do meu smartphone, vai ter que ter mais processador, mais bateria, mais tudo. Então, a gente está vendo uma evolução e a gente não para pensar nisso.
Mas, só para voltar um pouco no tempo, André, até mesmo um gasto bobo, se você tira uma foto no Instagram, e cada vez que você vê essa foto, a gente não percebe porque é muito rápido, está ali via 5G com o celular na mão, mas essa foto ela está armazenada em algum lugar, que tem que ficar ligado 24 horas por dia, geralmente com mais de uma cópia, porque tem que ter um backup de segurança, e quando você pede aquela imagem para a via, isso tem que ser trafegado via Wi -Fi, 5G, seja lá o que for, para que apareça na tela do seu celular ou computador, que por sua vista está consumindo energia.
Então, cada detalhe da nossa vida que está se transformando e ficando mais digital, ela consumirá energia e, no caso da IA, é mais uma camada de energia que está se constituindo. Então, a gente tem que pensar só para fechar, André. A gente vai ter aumento de energia por conta da IA. A questão é, que energia a gente vai usar para suportar essa IA, e aí a gente cai na grande discussão de todo mundo. Você vai usar um datacenter que está sendo alimentado por carvão, por gás, por óleo diesel, ou você vai usar um datacenter que está sendo alimentado por energia eólica ou solar. É essa a discussão que a gente tem que ter, e a gente nem sabe. Eu pergunto para você que está nos ouvindo, você sabe onde está armazenado o teu dado, todas as suas informações na nuvem? Talvez seja um servidor que esteja sendo alimentado por uma tecnologia extremamente, uma energia extremamente poluente.
[ANDRÉ MICELI]
Rafa, a gente tem histórias sendo contadas sobre políticas de armazenamento de energia no contexto da transição energética, a conexão entre as mudanças climáticas e a desigualdade no acesso à internet, que isso significa para a nossa sociedade, as perspectivas em avanços de diversos tipos de geração e distribuição de energia, uma reflexão sobre o desafio de montar uma estratégia nacional de descarbonização, a importância do estado nesse processo, enfim, um monte de conteúdo para quem está diretamente relacionado ao assunto, mas para quem também não está diretamente, só que vai precisar responder por isso.
Os CIOs, por exemplo, vão precisar dentro das suas organizações, pensar em tudo isso que você acabou de falar, para que essas empresas, independentemente do segmento em que atuam, para que elas possam cumprir metas de redução de emissão de carbono, por exemplo, para que elas estejam alinhadas aos indicadores de desempenho de ESG, que a sua organização tem, às vezes, em compromisso com investidores. A gente sabe que o crédito é mais barato para aquelas empresas que já estão adequadas a esse processo. Como você acha que a edição energia é útil para quem não é do segmento de energia, Rafa?
[RAFAEL COIMBRA]
Totalmente, André, porque a gente tomou esse cuidado, tem artigos ali que são mais densos, por exemplo, quando a gente fala de baterias, a gente pensa, eu estava acabando de falar que a gente está digitalizando o mundo, e, obviamente, nós humanos gostamos de ter liberdade. Liberdade significa que você não quer ficar plugado na rede elétrica, você quer ter autonomia com o teu carro, com o teu smartphone elétricos, e isso vai exigir baterias. Quais são as novas baterias? Como é que a gente está desenvolvendo elementos químicos que façam com que as baterias sejam mais eficientes, mais douradoras?
Então, tem uma discussão, por exemplo, que entra em aspectos um pouco mais técnicos, mas a gente tomou muito cuidado nessa edição, André, de abordar de uma maneira muito clara, muito transparente, muito fácil, para que as pessoas entendam a discussão. Isso é muito importante, às vezes, a gente… Estou falando aqui enquanto cidadão, né? A gente tende a delegar esses grandes debates para cientistas ou para governos, como eu falei nessas grandes conferências climáticas, mas não, ela parte do princípio que a gente vai fazer parte dele a todos nós, cada um de nós gasta muita energia de várias formas o dia inteiro, e a gente tem que entender como esse grande organismo chamado Terra se movimenta em torno dessas energias e pedir, decidir, seja, individualmente, com mudanças de comportamento, seja para que a gente cobre, aí sim, de autoridades, de empresas, de outros atores que têm poder de decisão, a gente precisa entender como a gente faz isso e acontece.
A gente tem, né, no MIT, um índice de verde que mostra exatamente o papel de cada um e compara as nações dando notas para que as pessoas enxerguem isso. E eu acho, então, que essa edição, ela traz esses elementos de discussão. Novamente, não estamos aqui dizendo que a gente deva seguir pelo cenário A ou B, pela rota A ou B, não estamos… Não somos do time catastrófico que achamos que o mundo vai acabar, a gente acha, sim, que tem solução, mas essa solução depende de decisões. Não dá para ficar esperando as coisas caírem do céu, porque isso não vai acontecer.
[TRILHA SONORA – Momento Data Insights, apresentado por InterSystems]
[ANDRÉ MICELI]
Esse é o momento Data Insights oferecido pela InterSystems, e eu estou com o Aspen Andersen, que é Vice-Presidente de Gente e Tecnologia da Vibra Energia. Aspen, quais são os principais desafios enfrentados pelas empresas que fazem parte do setor de energia em termos de cadeia de suprimentos e como a Vibra lida com isso tudo?
[ASPEN ANDERSEN]
Bom, André, quero primeiro agradecer ao convite para participar desse mais desses momentos com vocês. É sempre bom quando a gente compartilhe, a gente aprende bastante também com vocês. Mas começando pelo óleo e gás, você trouxe já uma boa visão dos desafios que a gente tem enfrentado. Então, esse é um mercado que era muito mais concentrado e a gente vê um tempo para cá com a abertura que aconteceu. Novos plays no refino, por exemplo. Então, há uma maior
quantidade no nível de importação de derivados de petróleo, clientes que já começam uma jornada de descarbonização, uma mudança na demanda global de etanol por conta das discussões, da mudança climática e relacionadas à paridade de preço entre a gasolina, o etanol, a formulação e a importação, como eu já comentei de produtos, de novas regiões do mundo.
Além disso, a gente tem uma mudança na dinâmica, da aquisição de biodiesel, para adicionar o diesel, a gente está acompanhando as mudanças do aumento de percentual de biodiesel no diesel. A aquisição pelos distribuidores de combustíveis fósseis, que tem uma meta estabelecida pela ABP, calculada pela ANP, com base no volume que é comercializado a cada ano. A gente tem o movimento das guerras que estão acontecendo globalmente, a gente tinha entrada do diesel russo no Brasil e tudo isso exigiu uma adaptação muito rápida do nosso segmento.
E quando a gente amplia essa visão da energia, eu já comentei do óleo e gás, a gente está falando agora de uma atuação que também envolve outras formas de energia, energia elétrica, por exemplo, a gente começa a ver uma configuração de uma nova arena competitiva. A gente está também no meio da discussão, daqui a pouco vai chegar a regulamentação da abertura completa do mercado livre, a gente já teve esse ano a entrada de novos clientes que podem comprar energia e escolher a fonte da energia.
A Vibra fez movimentos recentemente também de aquisição de 50% da Comerc, só para dar o exemplo para começar também a ampliar esse portfólio de fornecimentos de energia. Então, muito desse desafio a Vibra tem buscado enfrentar com a ambidestria. Então, a gente tem o nosso negócio core que continua muito forte, muito presente, a gente busca esse número de eficiência, mas ao mesmo tempo esses movimentos de M&A, um movimento muito grande de inovação porque a gente acredita muito nessa construção coletiva, nesse olhar de ecossistemas de rede, então cada vez mais a gente busca fortalecer essa atuação e também, em algum tempo, nós aprovamos o nosso braço de investimento startup, Vibra Ventures, o fundo de CVC também, para conseguir identificar e capturar boas oportunidades em empresas nascentes que trazem uma proposta e tem uma velocidade que nos ajuda no processo, inclusive da mudança cultural.
Então, quando a gente pensa, esse mar aberto está aí disponível no mercado, pensando no mercado de B2B, a experiência do cliente também, cada vez mais tem demandado a gente mudar a forma da gente atuar, a gente tem alguns movimentos e citaria que talvez o caso da DPSD, que é uma empresa que a gente adquiriu participação via nosso fundo e que ela ajuda os clientes nesse processo de descarbonização.
[TRILHA SONORA – Momento Data Insights, apresentado por InterSystems]
[ANDRÉ MICELI]
Bom, é isso, muita coisa legal, os nossos assinantes já têm acesso, daqui a pouco o pessoal vai poder comprar nas bancas, vamos comprar individualmente, enfim, quem está interessado no tema tem como conseguir acessar o conteúdo da edição da energia que ficou muito legal, Rafa. Acho que esse é um trabalho muito importante que a MIT Technology Review tem trazido, inclusive com o Energy
Center, com os conteúdos abertos sobre energia que ficam disponíveis no nosso site e a gente vai continuar fazendo essa onda crescer.
Agora, Rafa, vamos virar a chave, eu vou começar dizendo aqui no que eu vou ficar de olho e depois passo para você e a minha dica é para ficar de olho no Energy Summit.
Falei do Energy Center, a nossa área de conteúdo da MIT Technology Review no site, que está alinhada com a nossa edição de energia e para terminar essa história toda e, esse ano, para criar um marco dessa discussão, a gente vai fazer o maior evento da MIT Technology Review no mundo, fora dos Estados Unidos, nos dias 17, 18 e 19 de junho.
Dia 17 tem o EMTech Energy. Rafa falou do EMTech AI que aconteceu em Londres, a gente vai fazer pela primeira vez o EMTech específico para energia, a Conferência de Tecnologias Emergentes da MIT Technology Review Global acontece em diversas regiões do mundo, já tivemos no próprio MIT Technology esse ano, já tivemos em Atenas, agora essa que aconteceu semana passada em Londres, vamos ter Hong Kong e vamos ter Rio de Janeiro.
Mas, no nosso caso específico, será sobre energia e essa visão do CIO, do C-Level de Tecnologia como o C-Level de todos os segmentos vão precisar lidar com as questões de transição energética.
Nos outros dias a gente se aprofunda nas discussões de transição energética de duas grandes maneiras, uma maneira através dos cinco stakeholders do programa de aceleração de regiões empreendedoras do MIT, então vamos falar sobre governo, academia, grandes empresas, startups e investidores como esses cinco grupos vão lidar com o processo de transição energética e em paralelo discussões sobre as diferentes formas de gerar e distribuir energia.
Entre no nosso site para ter mais informações sobre o evento: energysummit.global. Vão ser três dias com muita coisa, aulas com professores do MIT e certificações para essas aulas, muita gente naturalmente do MIT relacionada com esse ecossistema vem falar, mas vem gente do mundo inteiro discutir esse tema no Rio de Janeiro, de 17 a 19 de junho.
Agora sua vez, Rafa, no que você vai ficar de olho essa semana, meu amigo?
[RAFAEL COIMBRA]
André, estou de olho nas Big Techs porque elas anunciaram seus resultados trimestrais e tem um detalhe interessante porque a maioria delas, estou falando de Alphabet que é a controladora do Google, Microsoft, Amazon, todas elas foram muito bem, mas teve uma empresa ali que destoou, que foi a Apple.
A Apple foi a única dessas grandonas que apresentou uma queda na receita, muito em função das perdas de smartphones, tem essa briga Estados Unidos-China, a gente vem falando muito sobre isso nos nossos podcasts, essa briga geopolítica digital e por conta de proibições da China a venda de iPhones, que é o carro-chefe da Apple, caiu.
Então a Apple está tendo problemas, ela está compensando essa perda de receita de produtos com seus serviços, tem muito serviço digital, tem a Apple TV], etc. Mas é um sinal de alerta para que a Apple se movimente e por que estou falando isso em contraposição às outras Big Techs? Porque
essas que eu acabei de citar são muito fortes em, por exemplo, nuvem, estou falando da Microsoft, Google e Amazon, elas têm boas receitas alugando seus servidores, alugando seu espaço em nuvem. A Apple tem uma nuvenzinha lá, mas não chega perto dessas três grandes.
Uma outra fonte de receita importante, sobretudo para a Alphabet e para Amazon e foi um destaque da Amazon, é o crescimento das receitas por anúncios digitais. Google a gente sabe, depende disso, YouTube e Google, mas a Amazon tem feito um trabalho muito forte de vender publicidade digital dentro do seu ecossistema. Outra coisa que a Apple também não tem e para fechar de informações interessantes, é que essas outras empresas, o destaque vai mais para Microsoft e para o Google, estão investindo muito pesadamente em Inteligência Artificial.
Novamente, Apple não está muito bem, ainda não disse o que veio no campo da Inteligência Artificial. Então, se a Apple não surfar numa dessas ondas que eu estou citando aqui, anúncios, nuvem e IA, vai ficar complicado. Por enquanto, ainda é uma superempresa, está saudável, vende bem, etc. Mas ela parece que está indo em uma direção um pouquinho diferente dessas outras Big Techs. E aí, pode ser que a coisa complique, estou falando isso porque, nessa terça-feira, dia 7, a Apple marcou um evento, provavelmente vai só anunciar novidades, melhorias nos seus iPads e a gente vai ficar novamente, estou aqui chutando, porque, novamente, estamos gravando antes do evento, a gente vai ficar ainda ver navios em relação a IA e outras novidades. Vamos ver o que a empresa vai fazer para reagir a essas informações.
[ANDRÉ MICELI]
É isso, está chegando a hora de ir, mas antes disso acontecer, quero lembrar que esse podcast é um oferecimento do SAS. Rafa Coimbra, um grande abraço.
[RAFAEL COIMBRA]
Abraço, André e a todos que nos ouvem até a semana que vem.
[ANDRÉ MICELI]
É isso, semana que vem a gente se encontra por aqui. Tem mais podcast da MIT Technology Review Brasil, para a gente falar sobre tecnologia, negócios e sociedade. Um grande abraço para você que nos ouve. Tchau, tchau.