Oferecer uma boa experiência para os consumidores passou a ser um fator mandatório para as empresas. Isso ficou ainda mais evidente nos últimos anos devido à crise sanitária que atingiu o mundo todo, quando a tecnologia passou a fazer parte do dia a dia das pessoas e elas começaram a consumir produtos ou serviços muito mais pelos canais digitais do que pelos físicos. Por isso, as companhias de todos os segmentos tiveram que buscar alternativas para se manterem competitivas e continuarem faturando.
Mas esse cenário se agravou à medida que as pessoas pararam de se interessar apenas por uma marca que oferecesse um único serviço e passaram a procurar aquelas que disponibilizassem itens que agregassem os outros produtos adquiridos.
Isso vem acontecendo porque a praticidade e a comodidade se tornaram peças-chave no dia a dia das pessoas e elas não querem mais adquirir algo em diferentes locais, se há possibilidade de fazer tudo por intermédio de uma plataforma ou marca. Pois então, diante dessa nova realidade dos consumidores, o mercado teve que se adaptar e olhar para isso como uma oportunidade de negócio.
Acompanhado desse novo momento, começaram a surgir conceitos e tecnologias focadas em levantar dados e insumos que ajudam a entender melhor os hábitos de consumo, pois só assim será possível mapear o seu comportamento e entregar produtos e soluções mais adequados para cada um deles. E, assim, as corporações passaram a adotar tecnologias inovadoras em diferentes processos.
De acordo com a pesquisa Inteligência de Dados para Marketing, realizada pela TOTVS em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas, mais de 70% das organizações brasileiras entendem o quão importante é o uso de dados em suas estratégias de marketing e 98% delas coletam algum tipo de informação dos consumidores.
Já o estudo “Impulsionar a adoção de tecnologias emergentes na América Latina”, feito pelo Harvard Business Review Analytic Services em parceria com a NTT DATA, mostra que 90% das companhias da América Latina têm interesse em aumentar seus aportes em novas tecnologias em 2023. O relatório aponta ainda que 87% dos entrevistados já viram resultados positivos após terem investido em inovação nos últimos três anos.
Assim, a transformação digital se consolidou como algo essencial dentro dos negócios para torná-los mais competitivos em seu mercado de atuação. De acordo com um levantamento realizado pela Brasscom em parceria com a IDC, cerca de R$ 666 bilhões serão investidos em TD (Tecnologia Digital) até 2025. E isso prova que o setor está em rápida ascensão e cada vez mais o uso da tecnologia será fundamental para alavancar as vendas e melhorar a produtividade das companhias.
Um exemplo é o conceito de ecossistemas digitais que vem ganhando força no ambiente corporativo, principalmente nas médias empresas. Segundo relatório da Accenture, as companhias que investem nesses ecossistemas podem ter um crescimento 2,5 maior em comparação com as outras instituições que atuam no mesmo segmento, mas que não possuem iniciativas nesse sentido.
Dito isso, agora fica muito mais fácil detalharmos como essa teoria ajuda a promover a inovação e proporcionar mais eficiência nos negócios. Mas, antes disso, é importante explicarmos o significado desse conceito. Um ecossistema digital é formado por diferentes serviços e produtos que são conectados a outras plataformas ou ambientes digitais, o que garante uma experiência integrada e personalizada, cujo objetivo é melhorar a vivência dos consumidores e trazer mais eficiência operacional nos seus processos.
Mas isso só pode ser feito com a ajuda de soluções tecnológicas, como Big Data, Inteligência Artificial, machine learning e chatbots, pois elas serão a base para coletar o máximo de informações possíveis e criar ambientes cada vez mais integrados e menos atrito nas jornadas.
Além disso, elas trazem vantagens ainda mais significativas para os negócios, como a otimização da cadeia de suprimentos; gerenciamento mais eficaz dos estoques; atendimento mais rápido nos canais digitais; monitoramento da jornada de compra dos usuários; diminuição dos custos operacionais; agilidade na hora de resolver possíveis problemas uma vez que a comunicação será única entre todas as pontas; aumento das vendas; maximização da produtividade e experiências diferenciadas.
Diante de todas essas facilidades, as empresas conseguem, por meio desse conceito, ingressar em novos mercados, expandir a sua atuação, atender novos perfis de consumidores, elevar o número de recursos disponíveis em um único ambiente e aumentar a competitividade entre as companhias que atuam no mesmo segmento. Além disso, criam afinidade com o seu público-alvo e stakeholders, fidelizam o seu cliente, e desenvolvem e desbravam novos mercados.
Devido a essas vantagens, muitas empresas já vêm aderindo a esse novo modelo de negócios, principalmente pelo enorme potencial de crescimento que ele proporciona. De acordo com um estudo feito pela McKinsey, os ecossistemas de negócios vão representar 25% do PIB mundial em 2030 e, com isso, movimentar aproximadamente US$ 70 trilhões.
Já uma pesquisa feita pela EY Tech Horizon com empresas líderes de vários segmentos, apontou que 87% delas declararam que a adoção de ecossistemas é uma tendência definida no seu ramo de atuação. Isso vem acontecendo em decorrência da pandemia de Covid-19.
Outro dado levantado no estudo aponta que 86% dos executivos disseram que esse conceito será um fator crítico de sucesso no seu mercado de atuação, enquanto 57% do total acredita que as empresas que não aderirem a essa teoria terão consequências negativas para os negócios e estarão em uma desvantagem competitiva.
Ainda esse mesmo estudo traz outro cenário bem impactante: as companhias que têm mais de cinco ecossistemas apontaram um crescimento de 1,8 x no que se refere a receita e 2,1 x mais redução de custos.
Como aplicação disso, podemos destacar marcas consagradas em seu mercado de atuação como Google, que possui serviços de e-mail, ferramentas de texto, plataforma de vídeo, planilhas; a Amazon com a Amazon Web Services (AWS), que foi uma das responsáveis pelo surgimento de outras marcas do grupo entre eles a Amazon Music, Amazon Prime, Amazon Payments e que foram determinantes para o sucesso de hoje em dia; Aliexpress; Submarino; Shopee entre outros.
Outro exemplo é o Alibaba, que possui serviços de lifestyle no setor varejista com ferramentas de pagamentos e planos de fidelidade. Já a Apple criou o AppleCard integrado com Goldman Sachs, dando origem a ApplePay. Trazendo para o mercado local, podemos citar outras companhias que atuam neste modelo, como Via Varejo que disponibiliza serviços financeiros; Mercado Livre; Magazine Luiza e tantos outros que estão aderindo essa estratégia aos poucos.
Porém, mesmo com todos os benefícios que estes proporcionam e oferecem para as marcas, o mercado ainda enfrenta uma série de dificuldades e desafios que aos poucos vão ser superados, mas que agora ainda interferem nos resultados obtidos.
Um calcanhar de Aquiles que as empresas encontram é o uso excessivo de dados e, por consequência, a falta de privacidade e a possibilidade de vazamento de informações que tange todas as corporações. Isso tornou-se fator determinante para o sucesso dos negócios, pois caso ocorra tal ato, é de extrema importância que medidas sejam tomadas o mais breve possível. Por conta disso que todos os dados compartilhados internamente no sistema possuem diferentes camadas de segurança e poucas pessoas têm acesso a isso.
Outra dificuldade que os gestores encontram é com relação a estrutura de governança tecnológica, que consiste em manter todos os sistemas trabalhando de forma interacional em um local onde há diversos participantes e todos eles precisam trabalhar em sintonia. Outro ponto de atenção se refere a integração dos dados e, por fim, o uso de plataformas comuns de nuvem que consigam orquestrar todo o ecossistema com maestria em um único ambiente, além de permitir que haja uma estrutura híbrida onde todos possam acessar as informações no mesmo local.
Mas, voltando para as vantagens desse conceito, é importante destacar a inovação que está por trás desses ecossistemas, pois ele tem sido o pontapé inicial para muitos segmentos, já que cria um ambiente propício e incentiva a conexão com startups, empreendedores e outras organizações para troca de conhecimento e ideias que ajudem a desenvolver novos produtos e serviços. Ao participar do ecossistema digital, as empresas têm acesso a mais recursos, talentos e conhecimentos, promovendo uma cultura de inovação que é crucial para o crescimento sustentável.
Falando em talentos, esse é um ponto importante a ser comentado aqui, pois uma das principais mudanças necessária para obter sucesso com essa iniciativa é mudança bruta e ininterrupta do mindset, pois nada adianta ter profissionais que estejam dispostos a pensar em novas estratégias, aplicar soluções inovadoras e criar processos bem estruturados se os líderes e gestores não estiverem aptos e dispostos a isso e vice-versa. Por isso, todos os envolvidos devem estar entrosados e puxando a mesma engrenagem. Só assim será possível ter resultados significativos e enxergar o valor tangível dos ecossistemas nos negócios.
Por fim, concluo que cada vez mais o uso desse conceito vem sendo utilizado nos negócios e tem trazido ganhos incalculáveis para todos os envolvidos e assim, aos poucos, todas as marcas vão enxergar a real necessidade disso e passar a adotá-lo de maneira estratégica para aumentar as vendas, ter ganho de produtividade e melhorar a gestão operacional dos negócios.
Portanto, caro empreendedor, tenha certeza de que a transformação em um ecossistema digital continuará crescendo ano após ano e ganhará destaque nas empresas de diferentes portes. Então vale se atentar nas discussões que os especialistas do setor vêm trazendo para o mercado, pois quem não olhar isso com bons olhos, perderá espaço para a concorrência.