Oferecido por
Em um ambiente de negócios que se transforma continuamente, a necessidade de adaptação às mudanças rápidas e imprevisíveis dos hábitos de consumo tornou-se ainda mais crucial, principalmente no cenário repleto de incertezas que emergiu após a pandemia causada pelo coronavírus. Se por um lado as empresas, grandes ou pequenas, enfrentam o desafio de lidar com comportamentos de consumo que se modificam rapidamente, por outro, têm à disposição um enorme volume de dados gerados pela digitalização. Nesse contexto, surgiram os Digital Twins, ou gêmeos digitais, com o objetivo de incrementar ainda mais a capacidade de tomar decisões ágeis e baseadas em dados. Principalmente em setores como o varejo e a indústria de bens de consumo embalados (CPG, sigla do inglês Consumer Packaged Goods).
Formalmente, um gêmeo digital é uma réplica digital de um processo ou sistema físico, como uma planta produtiva. Segundo a consultoria McKinsey, os gêmeos digitais reduzem o tempo necessário para implantar novos recursos orientados por IA em até 60% e os gastos de capital e operacionais em até 15%. Eles podem melhorar a eficiência comercial em cerca de 10%. No setor varejista e de bens de consumo, essa abordagem permite correlacionar diferentes conjuntos de dados, como produção e variáveis independentes, para antecipar comportamentos desconhecidos e otimizar o planejamento.
Os gêmeos digitais podem fornecer, por exemplo, uma visão completa da cadeia de suprimentos em tempo real, permitindo que as empresas tomem decisões ágeis e baseadas em dados. “Com essa tecnologia é possível correlacionar diferentes conjuntos de dados, como produção e variáveis independentes, e antecipar comportamentos desconhecidos, o que permite um planejamento mais eficiente da mercadoria e da produção”, explica Cristian Figeroa, Diretor de Varejo e Bens de Consumo para pequenas e médias empresas do SAS Analytics para a América Latina, EUA e Canadá.
Ele ressalta que, assim como os aplicativos de GPS que oferecem diferentes rotas para chegar a um destino, essa tecnologia permite que as empresas simulem diferentes cenários e tomem decisões em tempo real. “Em uma empresa que vende produtos perecíveis, o ciclo dinâmico de produção nesse setor traz desafios logísticos e de distribuição. É aí que os gêmeos digitais entram em ação, complementando a visão clássica de planejamento que essas empresas adotam e apresentando soluções para imprevistos que venham a acontecer”, exemplifica o executivo.
Dessa forma, quando ocorre um problema na cadeia de suprimentos, como um atraso na entrega de ingredientes devido a condições climáticas adversas, os gêmeos digitais permitem ajustes rápidos e eficientes para evitar interrupções. “Você está na linha de produção e precisa produzir um milhão de unidades em um ou dois dias, mas de repente surge um problema. Ontem ou hoje de manhã, o caminhão que deveria trazer os ingredientes e materiais necessários não chegou devido a uma chuva intensa. E isso significa que os vegetais e frutas não serão entregues. Mas, com a ajuda de um Digital Twin, você tem a capacidade de se adaptar e tomar decisões em tempo real para lidar com esse tipo de situação”, explica Figeroa.
Seguindo essa lógica, é possível afirmar que os Digital Twins têm uma ampla gama de aplicações comerciais que podem beneficiar diversos setores. Na indústria de manufatura, por exemplo, podem ser usados para otimizar processos de produção, simular cenários e identificar possíveis melhorias na eficiência. Na logística, podem auxiliar na gestão de cadeias de suprimentos complexas, possibilitando a visualização em tempo real do fluxo de produtos e identificando possíveis gargalos ou atrasos.
Mas os benefícios não se restringem a esses setores. Empresas de energia podem utilizar os Digital Twins para monitorar e otimizar o desempenho de usinas e redes elétricas, reduzindo custos e melhorando a confiabilidade. Na área da saúde, os gêmeos digitais podem ser aplicados em simulações de tratamentos médicos personalizados, ajudando a melhorar o diagnóstico e o planejamento de procedimentos. Já na agricultura, podem ser utilizados para otimizar o plantio, monitorar o crescimento das plantas e prever as necessidades de irrigação, contribuindo para uma agricultura mais eficiente e sustentável. Isso demonstra como a tecnologia tem o potencial de impulsionar a inovação e a eficiência, trazendo benefícios tangíveis para as empresas que a adotam em suas operações.
Desafios Culturais e de Processos
No entanto, implementar com sucesso os gêmeos digitais e aproveitar todo o seu potencial requer superar desafios culturais e de processos nas organizações. Muitas vezes, as empresas de varejo, por exemplo, estão acostumadas a tomar decisões com base na intuição e na experiência, e a transição para uma abordagem orientada por dados pode ser desafiadora. Cristian Figeroa também chama atenção para a importância de se identificar uma dor de negócio específica que possa ser abordada com os Digital Twins. A empresa deve ser capaz de detectar áreas de melhoria ou desafios operacionais que possam se beneficiar.
Também é essencial que as empresas ordenem e organizem suas diferentes demandas. Por exemplo, no setor varejista, as demandas e o fluxo de mercadorias podem variar significativamente entre diferentes tipos de produtos, como frutas, roupas e artigos para casa. Identificar onde os gargalos ocorrem, seja na planta produtiva, no centro de distribuição ou nas lojas, é fundamental para direcionar os esforços de desenvolvimento e implantação dos Digital Twins.
Os gêmeos digitais podem trazer eficiência nos custos, aumento de margens e melhoria na experiência do consumidor. Para obter sucesso nessa abordagem, é importante definir os indicadores-chave de desempenho financeiro (KPIs) relevantes para cada indústria e ciclo de vida do produto. Por exemplo, no varejo, os KPIs podem estar relacionados ao aumento das vendas, à otimização do estoque ou ao aprimoramento da margem de lucro.
A implementação bem-sucedida dos gêmeos digitais requer mudanças nos processos de negócio existentes. A análise e descoberta de insights proporcionadas por essa tecnologia podem revelar oportunidades de otimização e simplificação dos processos. No entanto, essas mudanças exigem um gerenciamento adequado, patrocínio interno e a disposição de adaptar os fluxos de trabalho para aproveitar todo o potencial dos Digital Twins.
“Quando se trata de iniciativas como a análise preditiva e os Digital Twins, a jornada se desdobra em etapas progressivas. Cada etapa é iniciada e concluída, fornecendo informações valiosas para a próxima fase. Nesse sentido, é interessante adotar uma abordagem tática com uma estratégia de longo prazo. Essa perspectiva permite enfrentar os desafios do negócio gradualmente, utilizando uma abordagem técnica baseada em dados, alinhada com nossa metodologia. O objetivo final é tornar-se uma empresa orientada por dados, na qual a informação é um pilar fundamental para tomadas de decisão, ou seja, uma empresa ‘data-driven’. Essa transformação cultural é um objetivo importante”, salienta o executivo do SAS.
Conforme as organizações reconhecem a importância dos dados na obtenção de vantagens competitivas, elas estão adotando uma cultura que os valoriza e os utiliza de maneira estratégica. Essa transformação implica em repensar processos de negócios, investir em tecnologias analíticas e promover uma colaboração efetiva entre as equipes técnicas e de negócios.
“Cada vez mais, as empresas estão reconhecendo a importância de integrar dados provenientes de diferentes fontes. Mas por que elas estão fazendo isso? A resposta é simples: para que a Inteligência Artificial possa aproveitar ao máximo essas tecnologias. Quando se tem acesso a uma ampla variedade de dados, é possível fazer descobertas mais precisas e relevantes. Quanto mais dados você tem, mais informações valiosas podem ser extraídas.”, finaliza Cristian Figeroa.