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Em maio, a China tomou a importante decisão de banir a mineração e o comércio de criptomoedas no país. O pontapé inicial para tal foi o tuíte de Elon Musk, CEO da Tesla, sobre o possível impacto ambiental negativo do Bitcoin.
Xi Jinping, presidente do país, afirmou após o tuíte que, para ajudar o planeta, iria proibir o Bitcoin. Uma decisão de impacto, já que desde o início da história das criptomoedas, a China ocupa um lugar de grande destaque. Até recentemente, para se inserir no mercado cripto, era quase obrigatório ir à China, e o país chegou a obter mais de 51% da mineração de Bitcoin mundial, o que representa uma ameaça à descentralização.
Outra motivação para esta decisão contundente pode ser a criação da eminente moeda digital do Banco da China, o Yuan Digital, que seria a única cripto permitida no país. O Bitcoin seria um empecilho à concretização deste plano.
De qualquer forma, com a perseguição às instituições de Bitcoin na China, este mercado de 3 trilhões de criptomoedas ejetou 1 trilhão em um curto espaço de tempo, conforme pode ser percebido pelo gráfico abaixo:
Chegou-se a pensar que seria o fim da era do Bitcoin e das criptomoedas, principalmente caso outros países acompanhassem esta tendência de evasão. Isso não acabaria de vez com o mercado, mas é claro que atrasaria muito o desenvolvimento desse.
Com a expressiva venda de criptos na China, a capitalização do mercado chegou a ⅓ do valor total, alcançando a marca de 1 trilhão de dólares. Isso, é claro, levando-se em conta o pânico que tomou conta do mercado. No dia 20 de julho, apenas 2 meses depois, o cartucho da China acabou e o mercado global de cripto voltou a se recuperar, estando estabilizado, hoje, em $ 2 trilhões, e mostrando que o saldo de venda da China foi realmente de $ 1 trilhão.
Hoje, o Bitcoin provou que é maior que a China, mas no momento da queda, ainda era difícil agir com esta certeza. Com a migração da maioria das mineradoras da China para o Cazaquistão e Texas, a rede do Bitcoin se torna cada vez mais descentralizada, e a mineração verde, que era o argumento inicial de Musk, é resolvida.
É importante ressaltar que a China não tem uma questão contra o Bitcoin, mas sim, contra o modelo de capitalismo ocidental. Para terminar sua estratégia de 2021, o governo chinês ainda dificultou a regulação contra empresas capitalistas nos territórios beneficiados. O resultado foi mais catastrófico ainda para o mercado, como é possível perceber pela crescente queda do fundo representativo de empresas chinesas XINA11:
Historicamente, sabe-se que Xi Jinping é relativamente volátil em suas decisões; o presidente já tentou banir o Bitcoin do país ao menos três vezes, mas voltou atrás, o que também já fez com normas específicas da cultura de startups.
Pode-se concluir que, caso a economia chinesa não esteja se saindo bem no próximo ano e a decisão do presidente não tenha sido correta, voltar atrás dessa vez terá sido um erro de 1 trilhão de dólares.
Este artigo foi produzido por Christian Aranha, Empreendedor e pesquisador na área de Inteligência Artificial, Big Data e Blockchain, autor do livro Bitcoin, Blockchain e Muito Dinheiro e colunista da MIT Technology Review Brasil.