O retorno aos locais de trabalho exige muito mais das empresas do que a obrigatoriedade do uso de máscaras e álcool em gel para higienizar as mãos. A higiene reforçada e o distanciamento físico são apenas algumas medidas em uma lista extensa de regras fundamentais para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e evitar a proliferação do vírus.
Uma grande reestruturação física e política nas empresas será inevitável na volta aos escritórios. E além das medidas sanitárias essenciais, o plano de ação também deve incluir a conscientização dos colaboradores, passando a fazer parte da cultura da organização.
Uma boa prática para as empresas é se guiar por dois documentos oficiais: um da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – divulgado em maio – e outro do Ministério da Saúde e da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia – divulgado em junho deste ano.
Na Nota de Orientação “Safe and healthy return to work during the Covid-19 pandemic” (Um retorno seguro e saudável ao trabalho durante a pandemia da Covid-19), a OIT destaca que as políticas para o retorno ao trabalho precisam ser orientadas por uma abordagem com foco nas pessoas, que coloque os direitos das pessoas no centro das políticas econômicas, sociais e ambientais.
A organização destaca que as medidas dependem de cada local de trabalho, mas podem consistir na instalação de barreiras físicas, como vitrines de plástico transparente, melhoria da ventilação ou adoção de horários flexíveis, além de práticas de limpeza e higiene.
O uso de equipamento de proteção individual é apontado como necessário para complementar outras medidas, devendo ser fornecido gratuitamente pelas empresas. A OIT ressalta que essas recomendações são complementares e não substituem os regulamentos e orientações nacionais de segurança e saúde no trabalho, visando ajudar a estabelecer os elementos práticos para um retorno seguro ao escritório.
Em junho, a Portaria Conjunta no 20, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, e do Ministério da Saúde, estabeleceu medidas de “prevenção, controle e mitigação dos riscos de transmissão da COVID-19 em ambientes de trabalho, de forma a preservar a segurança e a saúde dos trabalhadores, os empregos e a atividade econômica”.
A publicação inclui 12 tópicos: Medidas gerais; Conduta em relação aos casos suspeitos e confirmados da Covid-19 e seus contatantes; Higiene das mãos e etiqueta respiratória; Distanciamento social; Higiene, ventilação, limpeza e desinfecção dos ambientes; Trabalhadores do grupo de risco; Equipamentos de Proteção Individual – EPI e outros equipamentos de proteção; Refeitórios; Vestiários; Transporte de trabalhadores fornecido pela organização; Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT e Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA; e Medidas para retomada das atividades.
O documento recomenda aumentar o distanciamento e diminuir o contato pessoal entre trabalhadores e entre esses e o público externo, orientando para que se evitem abraços, beijos, apertos de mão e conversas desnecessárias. A distância mínima recomendada é de um metro entre os trabalhadores e entre os trabalhadores e o público. A portaria também orienta a limitar a ocupação de elevadores, escadas e ambientes restritos, incluindo instalações sanitárias e vestiários, e priorizar ações para distribuir a força de trabalho ao longo do dia, evitando concentrações nos ambientes de trabalho.
O home office deve ser promovido pela empresa quando possível, de acordo com o documento, segundo o qual também devem ser evitadas reuniões presenciais e, quando indispensáveis, que aconteçam mantendo o distanciamento. Outra recomendação é que a organização promova a limpeza e desinfecção dos locais de trabalho e áreas comuns no intervalo entre turnos ou sempre que houver a designação de um trabalhador para ocupar o posto de trabalho de outro.
Aos poucos, funcionários vão voltando ao escritório, muitos ainda no sistema híbrido, que mescla dias no escritório e dias de trabalho em casa. Entre as medidas adotadas pelas empresas estão estações de trabalho redimensionadas e espaçadas, sinalização indicando o distanciamento entre as pessoas, maior circulação e qualidade do ar, máscaras fornecidas pelos empregadores, limpeza frequente de locais compartilhados, fluxos separados de entrada e saída, medição de temperatura e atenção redobrada a possíveis sintomas da Covid-19.
A tecnologia serve como grande aliada nesse retorno, na implantação de sensores para contagem de pessoas, comandos por voz, infraestrutura para processos de trabalho digitais e automação de processos, entre outras medidas.
Além das orientações oficiais, as empresas têm certa liberdade para fazer adaptações de acordo com sua realidade. Enquanto não há uma vacina, a volta ao escritório deve acontecer de forma gradativa e com todo o cuidado, pois a pandemia ainda existe.
Esse artigo faz parte da nossa Special Edition Home Office: Work Anywhere
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