Inteligência Artificial nos negócios: moda ou caminho sem volta?
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Inteligência Artificial nos negócios: moda ou caminho sem volta?

O mercado de IA cresce a passos largos e, ao contrário do que os críticos dizem, prova que esta não é uma “modinha”, mas uma tecnologia que está transformando a sociedade e os negócios. Cabe a nós tirar o melhor proveito dessa transformação.

Quero começar confessando que sempre tive um pouco de medo da Inteligência Artificial, especialmente quando assistia ​​aos filmes de Hollywood que a retratavam como robôs malvados e ciborgues. Eles me davam muito medo de que esse fosse o mundo em que iria crescer, de uma luta inexorável entre humanos e tecnologia.   

Hoje percebo que ela pode ser uma grande aliada, e não mais uma inimiga. É o tipo de inteligência que nos torna capazes de resolver os problemas que nem mesmo humanos e computadores comuns conseguem resolver devido ao volume incrível de dados e do poder computacional necessário para isso.  

Inclusive, ela é uma força que já está transformando todos os setores, quase como se fosse uma “nova eletricidade”, como a definiu Andrew Ng, um dos maiores experts de IA do mundo. Um exemplo vem do setor automotivo: o Elon Musk declarou em 2021 que “embora as pessoas pensem na Tesla como uma empresa automotiva ou de energia, eu penso nela tanto como uma empresa de IA e robótica quanto somos uma empresa de energia”. Uma visão ambiciosa, mas que já vem se concretizando.   

A Tesla está trabalhando no Dojo, um supercomputador para treinar a IA autônoma da Tesla que, ao ter uma capacidade de um exaFLOP (um quintilhões de operações por segundo), seria um dos computadores mais poderosos do mundo. Afinal, a Tesla está lidando com uma quantidade insana de dados de vídeo de sua frota de mais de 1 milhão de veículos, que eventualmente usa para treinar suas redes neurais. Percebe? Uma montadora que se considera mais uma empresa de IA do que apenas uma empresa de engenharia — o que também a tornou a montadora mais valiosa do mundo!   

Será que as outras montadoras não estão usando IA? A resposta é sim, tanto que toda a indústria automotiva depende de semiconductores. Lembre –se que as montadoras sofreram muito com a escassez de microchips durante a pandemia. O que mais interromperia a produção? Pense bem, eventos muito raros, como falta de eletricidade. É por isso que a frase do Andrew Ng não poderia ser mais assertiva! 

O que ele quis dizer é que, basicamente, a Inteligência Artificial já alimenta muitas de nossas interações hoje. Quando você pede instruções à Siri, navega pelas recomendações da Netflix ou recebe um alerta de fraude do seu banco, essas interações são conduzidas por Inteligência Artificial que usa grandes quantidades de dados para tomar essas ações.  

De forma geral, o mercado de Inteligência Artificial está crescendo: a receita mundial de software de IA totalizou US$ 62,5 bilhões em 2022, um aumento de 21,3% em relação a 2021, de acordo com a Gartner. Assim como a eletricidade mudou a forma como o mundo funcionava — reinventando o transporte, a manufatura, a agricultura e os cuidados de saúde — a IA está pronta para ter um impacto semelhante. 

A verdade é que o conceito que define a IA mudou ao longo do tempo, mas no centro sempre esteve a ideia de construir máquinas capazes de pensar como humanos. Afinal, nós seres humanos provamos ser capazes de interpretar o mundo ao nosso redor e usar as informações que coletamos para tomar decisões. Se quisermos construir máquinas que nos ajudem a fazer isso com mais eficiência, faz sentido usarmos a nós mesmos como modelo. A IA, então, pode ser pensada como simulando a capacidade de pensamento abstrato, criativo e dedutivo – e particularmente a capacidade de aprender que isso dá origem – usando a lógica digital binária dos computadores. Talvez o maior fator de habilitação tenha sido a explosão de dados que foi desencadeada desde que o mundo físico se fundiu com o mundo digital. Essa disponibilidade de dados – desde conteúdo que compartilhamos nas midias sociais a dados gerados por máquinas industriais conectadas – significa que os computadores agora têm um universo de informações disponíveis para ajudá-los a aprender com mais eficiência e tomar melhores decisões.  

Veja o exemplo anterior da Tesla, alimentando enormes quantidades de vídeos para sua IA. Quem pode fazer isso como Tesla faz? Ninguém.  O ChatGPT não é diferente, ele foi treinado em mais de 175 bilhões de parâmetros, o que o torna o algoritmo de AI generativa mais revolucionário do momento. 

Os críticos, porém, vão dizer que, assim como aconteceu com o metaverso e os NFTs nos últimos anos, a Inteligência Artificial não é mais do que uma moda, que vai passar. Nada de mais errado. A IA é uma tecnologia que vem sendo trabalhada desde os anos 50, e que já passou por períodos de ceticismo chamados de “invernos da IA”. Mas hoje a primavera chegou, e é um caminho sem volta: a sofisticação e acurácia dos algoritmos demonstra que a tecnologia veio para ficar, e para revolucionar nossas vidas.  

Quem irá ganhar mais com isso tudo? Novamente os críticos irão dizer que o valor gerado da IA irá cair nas mãos das poucas empresas de tecnologia que a desenvolvem (por exemplo, Open AI/Microsoft). Mas pense bem na eletricidade que, por exemplo, tornou a refrigeração uma possibilidade. Foi assim que empresas como a Coca-Cola nasceram. Ou seja, o grande valor não está só na tecnologia, mas na oportunidade de construir hoje as novas “Coca-Colas” do futuro graças às ferramentas que a IA nos dá. Cabe a nós fazer o melhor uso delas.  


Este artigo foi produzido por Andrea Iorio, autor Best-Selling, palestrante, escritor sobre Transformação Digital, professor de MBA e colunista da MIT Technology Review Brasil.

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