Innovative Workplaces: o que as empresas mais inovadoras do Brasil têm em comum
Inovação

Innovative Workplaces: o que as empresas mais inovadoras do Brasil têm em comum

Rio Innovation Week 2022 marcou o início das inscrições para o próximo ciclo do prêmio concedido pela MIT Technology Review Brasil às companhias com melhores práticas de inovação do país.

No dicionário, a palavra inovar é definida como o ato de tornar novo, renovar, restaurar ou ainda fazer algo como não era feito antes. No mundo dos negócios, o termo está em voga, fazendo com que empresas de diferentes tamanhos e segmentos busquem melhores estratégias.

Inovação foi o tema principal do palco da MIT Technology Review Brasil na Rio Innovation Week 2022, evento realizado entre os dias 8 e 11 de novembro. Maior encontro de inovação, tecnologia e negócios da América Latina, a RIW reuniu 700 palestrantes, mais de 2 mil startups e 200 expositores em uma área de 50m² no Píer Mauá, no Rio de Janeiro.

Na abertura da programação do espaço, André Miceli, CEO e editor-chefe da publicação, apresentou o “Mapa da Inovação no Brasil”, que compila insights sobre o panorama das empresas mais inovadoras do país. Ele destacou que, muitas vezes, as empresas enxergam a inovação como sinônimo de disrupção, como na chamada inovação radical, que, como o próprio nome sugere, está relacionada a uma forma de inovar fundamentada na realização de uma grande mudança. A inovação pode realmente ser disruptiva, ou seja, pode promover a quebra de um modelo ou processo vigente para a criação de novos produtos e serviços alinhados às estratégias do negócio.

Ele chamou a atenção, no entanto, para o fato de que a inovação não necessariamente precisa vir acompanhada de uma grande ruptura. Tampouco deve ser algo pontual nas organizações. Ele explica que, ao contrário, as empresas que querem se manter alinhadas às tendências de mercado devem enxergar a inovação como um dos pilares fundamentais de seus negócios. Nesse sentido, ele destacou a importância da inovação incremental. Basicamente, esse conceito está relacionado à promoção de melhorias em produtos, processos ou serviços já existentes na organização.

Para o CEO da MIT Technology Review Brasil, entre uma conceituação e outra, há uma forma mais simples de definir a inovação: “a implementação de ideias que tragam novas fontes de receita ou de eficiência operacional para uma organização”.

Innovative Workplaces 2023 O Rio Innovation Week 2022 marcou a abertura das inscrições do prêmio Innovative Workplaces 2023, uma chancela da MIT Technology Review Brasil para as empresas mais inovadoras do país. A primeira edição da premiação foi realizada este ano. Mais de mil empresas se inscreveram e, dessas, 382 foram avaliadas, 72 certificadas e apenas 20 premiadas.

A avaliação das companhias foi feita com base em uma metodologia que segue os preceitos do Manual de Oslo, que, de acordo com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), é a principal fonte internacional de diretrizes para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras da indústria. O objetivo da iniciativa é não só amadurecer o cenário de inovação e destacar as boas iniciativas, mas também apresentar caminhos possíveis de melhoria para aquelas companhias que não conseguem atingir os critérios necessários para recebimento do selo.

André Miceli acredita que o nível de competitividade da premiação em 2023 deve ser mais elevado. “O processo [de avaliação das empresas] em si vai ser igualmente rígido, o que vai acontecer é que ele vai ser mais competitivo porque mais empresas vão participar em função do prêmio ser gratuito, ao contrário do que era anteriormente, que existia uma taxa de inscrição. Nós premiamos só as empresas que estão entre as 25% mais bem colocadas, então isso naturalmente cria um desconforto que faz com que o nível de competitividade e, portanto, de inovação aumente. O processo se mantém igualmente complexo, mas ele fica mais competitivo no geral”, pontuou o CEO da MIT Technology Review Brasil no evento.

As dimensões da inovação

O Manual de Oslo, que foi criado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é uma referência para o tema e serve para orientar e padronizar conceitos e metodologias relacionados à inovação. O documento estabelece quatro dimensões dentro dos processos de inovação: Gestão; Marketing e Vendas; Processos; e Produtos e Serviços. Além disso, há outros três fatores capazes de influenciar a inovação nas empresas. São eles a diversidade, data decisioning e a Open Innovation.

Para a concessão do selo Innovative Workplaces, foi avaliada a pontuação obtida pelas companhias participantes em cada uma dessas abordagens. A partir dos resultados, as empresas foram divididas em quatro grandes categorias, definidas com base na relação entre a capacidade de executar ações que promovam mudanças no ambiente corporativo e a real implantação dessas medidas.

Assim, chegou-se à conclusão de que há empresas que não inovam porque desconhecem ou não compreendem o conceito de inovação em sua totalidade; os inovadores potenciais, que conhecem a definição de inovação, mas não estabelecem processos para implementá-la em seus negócios; os inovadores ocasionais, que conduzem projetos de inovação pontualmente, mas não conseguem estabelecer processos para fazer dessa prática uma constante; e os Innovative Workplaces, as empresas com melhores práticas de inovação avaliadas.

Para 2023, a premiação adotará os mesmos critérios de avaliação. A diferença estará no acesso que as empresas participantes terão a relatórios e insumos que explicam como as estratégias de inovação se aplicam a cada uma das abordagens citadas acima. “A expectativa é muito boa, aprendemos bastante no primeiro ciclo e a ideia é que todo ano ele melhore. Vamos inserir alguns controles novos, mudar as interfaces para as empresas terem mais facilidade de responder e vamos aumentar o nosso suporte. Depois, no final do ciclo, vamos aumentar a quantidade de relatórios, informações e insights. À medida que o tempo for passando, vamos conseguir gerar séries históricas com ainda mais inteligência nesses relatórios. Com isso, as empresas terão mais instrumentos para ajustar seus times e seus processos e, no final das contas, conseguir mais eficiência em todo o seu ciclo de inovação”, explicou Miceli.

A MIT Technology Review Brasil no Rio Innovation Week 2022

As dimensões da inovação e seus fatores de influência nortearam a programação do palco da MIT Technology Review Brasil no Rio Innovation Week 2022. Além de André Miceli, os editores-executivos Carlos Aros e Rafael Coimbra conduziram uma série de palestras sobre o universo da inovação e dos negócios.

Para falar sobre gestão e sobre o papel da liderança diante das transformações nos negócios, Rafael Coimbra recebeu Nai Corrêa, líder de inovação no Grupo Carrefour; Lucas Riedo, CEO do G4 Educação; e Bruno Martins, CTO no Olist. No painel, os especialistas falaram sobre a importância de estimular o intraempreendedorismo, ou seja, a habilidade de empreender mesmo dentro de uma organização já estabelecida. Além disso, destacaram a relação entre a inovação e os riscos inerentes ao processo, como os erros decorrentes da implementação de soluções ou processos novos. “É preciso criar uma cultura de não ter medo de errar e sair do caminho linha reta para que as pessoas percam o medo de sugerir coisas novas”, destacou Bruno Martins.

Para os especialistas, nesse sentido, as startups têm se destacado no mercado. Não só por terem uma forte cultura ligada à inovação, mas também por manterem um modelo de gestão horizontal, onde as decisões são tomadas em conjunto e não apenas pela liderança. “Quem faz a inovação são as equipes. Não existe inovação sem os times”, reforçou Nai Corrêa.

Na sequência, na palestra “Marketing e Vendas: o uso da tecnologia para compreender melhor o cliente”, Carlos Aros recebeu Bruno Stefani, diretor global de inovação da Ambev; e Luciana Castro, Digital Experience Solutions Consulting Manager, na Adobe – América Latina. Em discussão, os desafios para o processo de entendimento do cliente em um mundo de abundância de dados e informações. Para os executivos convidados, embora o número de informações disponíveis tenha aumentado, a análise desses conteúdos ainda segue ocorrendo de maneira lenta.“Muitas empresas só conseguem entender seu consumidor um dia atrás. Falta aumentar a velocidade entre a captura de insights e uso da informação para tornar a jornada do cliente mais fácil e mais simples”, afirmou Luciana Castro. Para os especialistas, as empresas precisam romper silos, integrar áreas e levar o marketing para mais perto das outras unidades de negócios. Outro ponto importante é escutar mais os clientes para desenvolver produtos e serviços que atendam às suas necessidades.

No terceiro painel, Rafael Coimbra conversou com Camila Miranda, Head of DX Solution Led Marketing na Adobe; e Ednalva Vasconcelos, Latin America, Finance Director no SAS, sobre o tema “Produtos e serviços: a busca pela receita recorrente”. Nele, foi destacado a importância de as empresas entenderem a necessidade do cliente e investir em experiência para alcançar a desejada receita recorrente; e como a análise de dados é peça fundamental nesse processo. “Cada vez mais as empresas inovadoras investem em experiência. Inovação, produto e serviço é algo contínuo que tem a ver com a captura de dados”, pontuou Coimbra.

Fechando o ciclo de painéis relacionados às dimensões da inovação, Carlos Aros recebeu Laura Murta, head of Health Economics na ORIGIN Health; Auana Mattar, CIO na Tim Brasil; e Denis Chama, gerente sênior de inovação e novos modelos de negócios Nestlé, para conversar sobre diversidade e sobre a importância de preservar manifestações e a originalidade de cada um para criar um ambiente de cooperação e promover melhorias nas organizações. De maneira assertiva, Dennis resumiu em uma frase o principal conceito discutido no painel: “diversidade é inegociável para o processo de inovação”. Ou seja, as empresas devem ficar atentas às diferenças e respeitar a individualidade de cada um para apostar em um ambiente diverso.

O palco da MIT Technology Review Brasil ainda recebeu outros especialistas para falarem sobre Open Innovation, data decisioning e os próximos passos da inovação no Brasil. Por fim, uma

entrevista exclusiva com Setor Zilevu, PhD e User Experience researcher na Meta, encerrou as atividades do dia. Setor é um dos Innovators Under 35 2022 da MIT Technology Review americana. O selo chega ao Brasil no próximo ano.

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