Quando pensamos no futuro da tecnologia, temos que imaginar que algumas soluções devem ser a base do que está sendo previsto para os próximos anos, como por exemplo a Blockchain, o metaverso e várias outras que estão surgindo para revolucionar o mundo como nós conhecemos hoje. É possível identificar três pilares que serão peças-chave para o futuro: a Computação Quântica, a Inteligência Artificial e o 5G.
De acordo com a consultoria IDC, estima-se que o 5G movimentará no Brasil cerca de US$ 25,5 bilhões até o final de 2025, por meio de tecnologias como Inteligência Artificial, Realidade Aumentada e Virtual, robótica, IoT, Big Data & Analytics e Cloud. Já o relatório da P&S Intelligence, divulgado no início de 2020, estima que o mercado de Computação Quântica terá alcance de US$ 64,98 bilhões até 2030.
O número promissor indica que essa nova tecnologia está se consolidando cada vez mais e trazendo inúmeros benefícios para os negócios. Com sólida capacidade de processar um grande número de dados em altíssima velocidade, a tecnologia possibilita a realização de cálculos que demorariam anos para serem analisados e computados. Desta forma, problemas relativamente complexos podem ser resolvidos em minutos, possibilitando, por exemplo, a criação de novos produtos e serviços e a aceleração de processos.
Ao unir essa solução com o 5G — que possui conectividade mais eficiente e veloz — e com a IA, uma era de subversão promete causar uma enorme ruptura tecnológica e tudo o que conhecemos até hoje vai para um novo movimento.
Na prática, ela funcionará da seguinte forma: no setor da saúde, por exemplo, será possível criar remédios personalizados baseados no DNA das pessoas após análise em tempo real. Após esse procedimento, a fórmula do remédio é produzida em versão 3D a custo baixo. Outro exemplo são as cirurgias à distância, que possivelmente serão feitas por meio de robôs. Além disso, exames mais delicados, como oftalmológicos, poderão ser amparados por soluções menos invasivas. Atreladas ao uso de algoritmos de Inteligência Artificial e análises globais de dados, será possível desenhar diagnósticos mais assertivos.
No setor automotivo, já é possível encontrar carros autônomos sem o uso de volantes, e a tendência é que a automatização chegue a outras funcionalidades de veículos em um futuro bem próximo. A ideia é que todas essas soluções, que são complementares, melhorem cada vez mais a rotina do usuário.
Já no âmbito da indústria, a CQ pode ser usada para resolução de problemas matemáticos em pouco tempo, aprimoramento do uso da IA quântica, treinamento de modelos de deep learning e de cibersegurança. Além disso, a tecnologia possibilitará o desenvolvimento de baterias com maior capacidade e velocidade.
Na área de logística e comércio eletrônico, a computação quântica poderá resolver dores muito frequentes destes setores. Para melhorar a capacidade de leitura de dados, a CQ será capaz de otimizar a leitura de informações geradas de forma mais inteligente. O uso de sensores em equipamentos entre armazéns, fábricas e centros de distribuição, por exemplo, tende a ser mais eficiente, possibilitando a coleta e o processamento de dados mais significativos para acelerar o processo de aprendizagem. Soluções como esta são a porta de entrada para melhores relações entre empresas e o consumidor: com os melhores caminhos traçados pela tecnologia, colaboradores podem se deslocar pelos armazéns com maior eficiência e melhorar a experiência do cliente.
Diante desses fatores, posso dizer que a computação quântica tem sido usada de uma forma muito ampla, trazendo inúmeros benefícios para vários segmentos, mas há um ponto em comum entre todos: líderes e gestores precisarão lidar com esse futuro bem próximo de forma multidisciplinar. Além da aplicabilidade dessas tecnologias, todos os setores precisarão gerenciar e treinar suas equipes para que todas as funcionalidades dessa revolução sejam utilizadas da melhor forma.
Um estudo feito pelo TechRepublic, uma das principais fontes de informação de profissionais de tecnologia em todo o mundo, mostrou que 90% dos executivos têm pouco ou nenhum entendimento a respeito de Computação Quântica. Em contrapartida, 58% deles disseram que ela trará algum impacto sobre suas empresas.
Além desse cenário, quando pensamos em computação quântica aliada ao 5G, vimos que uma das tendências é o processo de migração dos processadores para a nuvem. Isso acontece porque, à medida que se tem uma conexão de altíssima velocidade, não há necessidade de tanto processamento, memória e armazenamento.
Mesmo diante de tantas vantagens, é preciso analisar que a implementação da computação quântica nos negócios e nos dispositivos móveis não é tão simples como parece e há os seus desafios. Um deles é o superaquecimento dos computadores, necessitando, então, da utilização em ambientes gelados, o que atualmente não é possível.
Além disso, outro ponto de atenção é com relação a ataques cibernéticos, uma vez que será preciso rever todos os planos de segurança com esse tipo de tecnologia. Em exemplo: uma senha que o FBI demoraria de um a dez anos para descobrir, com a computação quântica, isso é feito em segundos. Desta forma, ao mesmo tempo em que a tecnologia soluciona diversos problemas, ela transforma seus ambientes em espaços mais vulneráveis. Mas é importante ressaltar que, à medida em que surgem novas tecnologias, o mercado como um todo já vai entendendo a necessidade de criar outras formas de proteção. Alguns exemplos ilustram que há maneiras de proteção mais modernas que acompanham a evolução dessas vulnerabilidades, como autenticação de dois fatores e o uso de reconhecimento facial e digitais. Em um futuro próximo será possível utilizar outras partes do corpo humano, como a íris e a palma da mão.
Diante desses insights, concluo que essa é uma tendência que está ganhando força e vem sendo muito utilizada dentro das empresas, principalmente porque tem um enorme potencial de mudar a realidade dos negócios e impactar positivamente o cenário econômico, principalmente com a união da Computação Quântica, Inteligência Artificial e 5G. Mas, é preciso uma mudança comportamental dos líderes e executivos para que essas inovações sejam colocadas em prática e toda a cadeia produtiva saiba como utilizar o que teremos em mãos em breve. Pense nisso!
Este artigo foi produzido por Gustavo Caetano, CEO da Sambatech e Samba Digital, e colunista da MIT Technology Review Brasil.