Trabalho em qualquer lugar (5G + IOT)
Parece que foi ontem que assistimos aos filmes futuristas, com cenários onde a Internet das Coisas (IoT) era uma realidade. Hoje, ela é, e não só no lazer mas também no trabalho.
Dispositivos conectados estão mudando a maneira como vivemos e trabalhamos, possibilitando desde o gerenciamento remoto da produção até a aceleração das entregas ao cliente. Objetos conectados e cidades inteligentes poderão revolucionar a sociedade principalmente depois do 5G, que promete mais velocidade de conexão à Internet.
A evolução das gerações 3G e 4G ainda não é uma realidade no Brasil, mas o primeiro grande passo para entrar em uma nova era da telefonia foi dado em julho de 2020, quando a operadora Claro anunciou a implantação do 5G DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, da sigla em inglês), um tipo de tecnologia de transição entre a quarta e a quinta geração da internet móvel.
As redes 5G vão suportar as crescentes demandas de conectividade da IoT, permitindo até um milhão de dispositivos por quilômetro quadrado e ainda economizando mais energia, prolongando a vida útil das baterias.
Enquanto as redes 4G oferecem, em média, aproximadamente 45 Mbps (megabit por segundo), a expectativa é que o 5G possa atingir velocidade de navegação e download cerca de 10 a 20 vezes mais rápida. O que se espera é muito menos atraso ao pressionar um comando e ver o efeito, uma característica importante quando falamos de muitos objetos inteligentes conectados ao mesmo tempo. Um tempo de resposta mais rápido permitirá até que carros andem sem motorista.
Na vida doméstica, já vemos bons exemplos da Internet das Coisas, em trancas de portas inteligentes, eletrodomésticos conectados e dispositivos de iluminação inteligentes. E à medida que a IoT avança, ganha impulso também no mundo corporativo.
Segundo a IDC, 37% da população economicamente ativa mundial serão identificados como força de trabalho móvel, ou seja, trabalhadores que estão situados em vários locais físicos, conectados por computadores, smartphones e outros dispositivos conectados à Internet. A IDC prevê que até 2025, pode haver até 1 trilhão de tipos diferentes de dispositivos conectados à web.
Fim do centro da cidade
Um dos efeitos facilmente vistos no início da pandemia, quando a grande maioria das empresas colocou seus funcionários em home office, foi o esvaziamento dos centros das cidades. Regiões predominantemente comerciais ficaram desertas, muito diferentes daquele corre-corre movimentado de pessoas nos dias úteis.
Um projeto de pesquisa da Southampton Business School sobre os efeitos da Covid-19 nos locais de trabalho, chamado “Work After Lockdown”, em parceria com o Institute for Employment Studies e a consultoria Half the Sky, revelou que o experimento de home office em massa no meio de uma pandemia apresentou algumas das circunstâncias mais desafiadoras possíveis. No entanto, é provável que haja uma resistência considerável para simplesmente readotar velhas formas de trabalho.
A mudança total dos centros e a consequente perda de seu papel originalmente focado no trabalho é um dos riscos apontados por quem defende a volta aos escritórios. Muito da narrativa deles (incluindo empresas e governos) tem sido de calamidade sobre o que escritórios desertos farão com as cidades e empregos.
Mas apenas algumas empresas estão sugerindo abandonar seus escritórios completamente. Pelo contrário, poderiam se tornar espaços mais agradáveis, com a ida facultativa do funcionário.
Ao repensarmos o escritório, temos uma oportunidade de considerar como queremos que nossas cidades sejam – e como elas podem se tornar espaços mais inclusivos, seguros e verdes. A transformação e adaptação dos espaços de trabalho pode ser uma oportunidade única para fazer mudanças positivas nos centros das cidades.
Aude Bicquelet-Lock, vice-chefe de política e pesquisa do Royal Town Planning Institute, em entrevista à BBC News, disse acreditar que o declínio do espaço de escritórios afetará cidades pequenas, médias e grandes de maneiras diferentes. Para ele, os centros locais podem ser mais diversificados, com mais restaurantes e atividades sociais, pois as pessoas vão continuar querendo se encontrar.
Além disso, o espaço de escritórios pode ser reaproveitado: são várias as opções, como por exemplo transformar escritórios em residências. Ele ressalta que uma das primeiras coisas que planejadores urbanos e formuladores de políticas terão que fazer é ouvir o que as pessoas querem. Segundo ele, depois da pandemia todos terão passado por grandes mudanças e terão novos hábitos, e é preciso descobrir o que funciona para eles e o que não funciona.
Paul Cheshire, professor de geografia econômica da London School of Economics, lembra que as pessoas são animais naturalmente sociais, eprecisam estar mais próximas, com o contato cara a cara. Por isso, ele vê a volta aos escritórios como algo inevitável. A tendência, para Cheshire, é que as empresas se afastem do centro da cidade se adotarem um sistema híbrido, onde o trabalhador vai ao escritório somente algumas vezes na semana. Assim, elas podem conseguir um espaço mais barato, mesmo que o empregado tenha que se deslocar por um trajeto mais longo.
Por outro lado, ele ressalta que algumas pessoas terão uma atração ainda mais forte pelos escritório nos centros da cidades, seduzidas pela interação social, por melhores instalações ou estrutura tecnológica, ou mesmo para se concentrar longe dos filhos.
No Reino Unido, em agosto, o governo embarcou em uma campanha de conscientização pedindo aos funcionários de colarinho branco que voltassemao local de trabalho. Segundo a Confederação da Indústria Britânica (CBI), alguns dos centros urbanos mais movimentados se assemelhavam a“cidades fantasmas”, perdendo a agitação usual do comércio passageiro, e isso tem um preço alto para as empresas, empregos e comunidades locais.
Rachel Meltzer, professora associada de política urbana na Escola de Política, Gestão e Meio Ambiente da The New School em Nova York, afirma que toda a história econômica das cidades depende da proximidade espacial de empresas. Para ela, provavelmente existem muito poucas cidades que podem sobreviver sem alguma forma da chamada “office culture”.
Como Meltzer observa, os trabalhadores de colarinho branco fazem parte de uma ecologia econômica mais ampla. Eles apoiam outras empresas nos distritos comerciais da cidade, comendo uma ou duas vezes por dia em restaurantes locais e alocando uma parte de sua renda mensal para metrôs, táxis, academias e lavanderias perto do trabalho. Ela lembra de quando os futuristas acreditavam que os computadores domésticos e a tecnologia libertariam todos para trabalhar em qualquer lugar, e mesmo assim, não vimos uma dizimação do valor econômico de estar na cidade, de ter a interação face a face e a proximidade de comercial e residencial, de consumo e produção.
Tornar os centros mais mistos, e não somente para uso comercial, pode ser uma das mudanças urbanas mais significativas decorrentes do novo coronavírus. Mas adicionar prédios de condomínio não é a única maneira de dar vida a uma zona predominantemente comercial, diz Katrina Johnston-Zimmerman, antropóloga urbana e consultora na Filadélfia. Ativar espaços públicos com uma programação e investir numa vida noturna são alguns motivos, segundo ela, de as pessoas se deslocarem para esses locais, não apenas para trabalhar.
Tecnologias imersivas
Na conferência Facebook Connect, em setembro, o Facebook anunciou o Oculus Quest 2: um headset de realidade virtual com o maior desempenho de todos os tempos. Na ocasião, a gigante discutiu sobre como construir o futuro com o uso de dispositivos de realidade virtual de última geração e óculos de realidade aumentada para uso diário.
Falando do futuro do trabalho e da produtividade no Quest, o Facebook anunciou o Infinite Office, um pacote de novos recursos projetados para criarum escritório virtual que trará a sensação de um espaço mais produtivo e flexível.
Os primeiros recursos do Infinite Office como uma versão experimental para o Quest 2 começarão a ser lançados nos próximos meses, incluindo um amplo espaço de trabalho com várias telas personalizáveis, além da opção de um teclado físico para VR, em parceria com a Logitech.
Os usuários poderão alternar entre uma experiência totalmente imersiva e uma combinação de telas virtuais com o recurso Passthrough para uma maior percepção do que está ao redor. Com o Oculus Browser, é possível ter uma experiência Web para desktop.
A iniciativa mostra que a realidade virtual não é apenas para jogos, mas pode ser o futuro nas empresas conectadas à Internet. Representa umadisrupção em relação à forma como interagimos com as pessoas no trabalho.
As reuniões nunca mais seriam as mesmas, com o uso de conteúdos multimídia, vídeo, som, imagens, trabalho em conjunto entre as pessoas,transmissão em tempo real de situações ao redor do mundo, apresentações de dados extraídos de diversas bases e apresentados de maneira visual, de rápido e fácil entendimento.
“O incrível dessa tecnologia é que você se sente realmente presente em outro lugar com outras pessoas. As pessoas que experimentam dizem que é diferente de tudo que já experimentaram em suas vidas”, afirma Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook.
A realidade virtual (VR) e a realidade aumentada (AR) podem ser usadas com muitos benefícios no dia a dia de empresas. Basicamente, a VR reproduz um ambiente virtual no qual o usuário pode se inserir como se estivesse mesmo naquele local, mas tudo não passa de um sistema computacional. A tecnologia induz efeitos visuais e sonoros, permitindo total imersão no ambiente simulado virtualmente. Já a AR é a integração de elementos virtuais com elementos do mundo real através de uma câmera. Por exemplo, os filtros para fotos em redes sociais que inserem um elemento virtual na imagem capturada pela câmera do celular.
Outras tecnologias imersivas também estão ganhando terreno no mundo do trabalho, como o uso do som binaural, quando o ouvinte escuta dois sons com frequências muito próximas, porémdiferentes e inferiores a 1000 Hz. Já é possível, inclusive, encontrar opções desse tipo de áudio gratuitamente na Internet. Para ouvir, basta ter um fone de ouvido com som estéreo.
A técnica chamada Binaural Beats simula um áudio 3D por meio de uma ilusão acústica e é usada em tratamentos para reduzir estresse e ansiedade,aumentar a concentração e melhorar a memória e a produtividade. Embora alguns efeitos ainda não tenham sido comprovados cientificamente,segundo o site Discovery Magazine, um estudo testou a técnica com objetivo de melhorar a memória de trabalho e registrou um aumento de 3% na precisão dos pacientes.
As tecnologias hápticas, por sua vez, possibilitam ao usuário uma experiência tátil. O termo háptico significa “relativo ao tato” e passou a ser usado para designar a ciência do toque, dedicada a estudar e a simular pressão, textura, vibração e outras sensações biológicas ligadas ao tato.
Luvas hápticas, por exemplo, permitem que pessoas em uma reunião virtual se cumprimentem com apertos de mão e experimentem a sensação do toque de maneira quase indistinguível da experiência ao vivo. A tecnologia é usada em simuladores e nas telas dos smartphones.
A Embratel também teve seu processo de adaptação ao modelo home office. A empresa de tecnologia adotou rapidamente um processo chamado de “Pilhas de Soluções Modulares”, que segundo, Marcello Miguel e Alexandre Gomes da Silva, diretores de marketing da Embratel, se transformou em uma solução eficaz para seus colaboradores e clientes.
“Nós nos preocupamos em garantir o mínimo de conectividade para nossos colaboradores e clientes. Isso demandou a ampliação de uma banda larga de internet e até soluções mais robustas, com um grau de segurança ainda maior. Afinal, o home office fez com que todas as soluções de trabalho agora passassem pela nuvem em um maior nível. E, quanto mais digitalização, mais segurança será necessária (informação, infraestrutura e suporte técnico)”, ressalta os executivos.
Marcello Miguel e Alexandre Gomes da Silva destacam que a Embratel tem experiência para ajudar empresas a passarem por esse processo. Contudo, ambos são taxativos ao dizer que esse momento é único, um grande laboratório, e não existe solução pronta. “São soluções modulares que se adaptam à realidade da empresa e escalam junto com ela”, enfatiza Marcello Miguel.
Esse artigo faz parte da nossa Special Edition Home Office: Work Anywhere
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