Como as baterias térmicas prometem um futuro mais limpo na fabricação industrial
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Como as baterias térmicas prometem um futuro mais limpo na fabricação industrial

Uma startup da Califórnia faz parte de um novo esforço para facilitar a descarbonização das grandes fábricas.

A Antora Energy, uma startup sediada na Califórnia, anunciou seu plano de abrir sua primeira fábrica em grande escala em San Jose. Embora a Antora já esteja produzindo baterias térmicas modulares há algum tempo, a empresa afirma que essa nova fábrica aumentará significativamente sua capacidade de produção, o que tem o potencial de ajudar na transição de indústrias pesadas para longe dos combustíveis fósseis. Falei sobre o anúncio em detalhes em recente artigo da Tech Review.   

O “problema do calor” nas indústrias de manufatura 

Quando falamos em descarbonização, geralmente pensamos em eletrificar as atividades cotidianas, como a transição de carros com motores de combustão interna para veículos elétricos, a substituição de fogões a gás por cooktops de indução e a atualização de fornos a óleo para bombas de calor. 

No entanto, uma parte significativa das emissões globais de carbono também provém de fontes menos visíveis: processos de fabricação industrial que produzem materiais essenciais, como vidro, aço, cimento e bens comuns, como alimentos enlatados e utensílios de cozinha. Esses processos exigem temperaturas extremamente altas, muitas vezes superiores a 1.000 ou até 1.500 °C. 

Atualmente, a principal fonte desse calor elevado é a queima de combustíveis fósseis. De acordo com a Agência Internacional de Energia, o calor industrial é responsável por 20% das emissões globais. A Antora e outras startups do setor de baterias de calor estão se concentrando no desenvolvimento de soluções eficientes e mais limpas para fornecer esse calor essencial. 

Já falamos anteriormente sobre as baterias térmicas como uma abordagem exclusiva para descarbonizar a indústria pesada. Embora as empresas usem métodos ligeiramente diferentes para gerar e armazenar calor, o conceito fundamental é bastante simples: fontes de energia renováveis, como a eólica e a solar, são usadas para aquecer materiais de custo relativamente baixo, como blocos de carbono sólidos (no caso da Antora), que são isolados até que o calor armazenado possa ser descarregado para fins de fabricação.  

A nova fábrica da Antora, programada para entrar em operação no próximo ano, produzirá baterias térmicas modulares que podem ser adaptadas para atender às necessidades específicas dos clientes. 

“Reindustrialização do coração americano” 

Em minha conversa com Justin Briggs, cofundador e diretor de operações da Antora, ele mencionou sua visão sobre a “reindustrialização do coração americano”. Ele acredita que, ao oferecer calor mais limpo aos setores que tradicionalmente dependem de combustíveis fósseis, as baterias térmicas podem ajudar esses setores a continuarem crescendo e, ao mesmo tempo, reduzirem as emissões. 

Achei essa perspectiva intrigante, pois muitas vezes ela não é levada em consideração. As tecnologias climáticas não se referem apenas à tecnologia em si e ao que ela possibilita; elas também afetam as pessoas que trabalham nesses setores ou aquelas diretamente afetadas pela tecnologia. 

A teoria de Briggs é que as pessoas que já trabalham com processos de fabricação em alta temperatura não precisarão de muito retreinamento para usar o produto da Antora, o que o torna uma opção atraente para as empresas que procuram tirar proveito de um boom no financiamento de energia limpa.  

Esse boom é impulsionado, em parte, por políticas governamentais, como a Lei de Redução da Inflação (Inflation Reduction Act, em inglês), que fornece financiamento para acelerar a transição para longe dos combustíveis fósseis. Uma das principais preocupações é como ajudar os setores com alto índice de emissões, como o de manufatura, e suas forças de trabalho a fazerem a transição para processos mais limpos sem grandes interrupções – como o fechamento de fábricas ou a contratação de forças de trabalho totalmente novas para operar novas tecnologias. 

Se houver uma alternativa mais limpa que reduza as emissões e, ao mesmo tempo, permita que os trabalhadores continuem aplicando suas habilidades atuais, isso aliviaria o estresse, como perda de empregos e reestruturação, que algumas pessoas temem que possa acompanhar uma transição energética tão substancial. 

O que está por vir para o setor de baterias térmicas? 

Os especialistas do setor monitoram de perto o mercado e expressam entusiasmo com o que o futuro reserva, mas também enfatizam que ainda estamos nos estágios iniciais do setor. 

Blaine Collison, diretor executivo da Renewable Thermal Collaborative, uma coalizão que trabalha para descarbonizar o calor industrial, me disse que acredita que as baterias térmicas estão “à beira de uma escala inicial substancial”. 

Seu otimismo se deve, em parte, à flexibilidade das baterias térmicas e à sua capacidade de lidar com vários problemas simultaneamente. Por um lado, essas baterias podem aliviar a pressão sobre a rede armazenando o excesso de energia renovável e, ao mesmo tempo, fornecer uma fonte de calor mais limpa para os setores que tradicionalmente dependem de combustíveis fósseis. 

O anúncio da Antora sobre sua nova fábrica é uma clara evidência dessa tendência. A Rondo Energy, outra startup que produz baterias térmicas, já opera sua própria fábrica e aumentará sua capacidade de produção em breve. E uma empresa alemã, a Kraftblock, uniu forças com empresas como a Pepsi para substituir caldeiras a gás por baterias térmicas, reduzindo as emissões da produção de itens como batatas fritas e bebidas enlatadas. 

As baterias térmicas podem não ser a única solução para o problema do calor industrial, mas certamente são um campo interessante para se ficar de olho 

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