Seja você uma empresa da Fortune 500 ou uma startup em estágio inicial, é possível aproveitar os recursos tecnológicos existentes para implementar e fortalecer a cultura organizacional da sua empresa – desde prever, prevenir e melhorar tudo, a calcular a eficácia do seu gerente e a sua taxa de churn.
Ela é o divisor de águas do seu negócio a partir do day one. Isso porque cultura alinhada com as expectativas do seu time conduz a colaboradores satisfeitos, e colaboradores satisfeitos não só trazem melhores resultados como também tendem a permanecer mais tempo na sua organização.
É o que o estudo feito pelo Departamento de Economia da Universidade de Warwick concluiu: felicidade e produtividade estão diretamente associadas. Em sua essência, trabalhadores felizes são 12% mais produtivos do que o trabalhador médio e trabalhadores infelizes são 10% menos produtivos, segundo o estudo.
Nesse sentido, como muito do que é feito hoje depende, em menor ou maior grau, da tecnologia, é inviável pensar em equipes produtivas e satisfeitas com processos ruins e sistemas ultrapassados.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Verint, 7 em cada 10 colaboradores afirmam que a tecnologia no local de trabalho é imprescindível para diminuição dos níveis de estresse e uma atuação mais assertiva. Mais que isso, o relatório “State of the Global Workplace: 2022” da Gallup aponta que funcionários que não estão engajados ou que estão ativamente desengajados custam ao mundo US$ 7,8 trilhões em perda de produtividade, algo equivalente a 11% do PIB global.
Contudo, engajamento não é uma característica do capital humano, mas sim da experiência criada pela organização para ele. É por isso que Doug Conant, ex-CEO da Campbell Soup Company disse certa vez que “para ganhar no mercado, você precisa primeiro vencer no local de trabalho.”
E vencer no local de trabalho significa se certificar de que o conjunto de valores, crenças, hábitos e práticas que orientam o comportamento dos colaboradores está alinhado com o que eles esperam da companhia e o que a companhia espera deles.
Não é à toa que grandes organizações, como The Walt Disney Company, têm valores fortes que são tão essenciais para seu modo de vida que o nome da empresa e a sua cultura praticamente se misturam. Nesse caso, há um requisito específico para se conseguir uma vaga na multinacional: cultivar os sonhos de infância.
Mas como utilizar, na prática, a tecnologia para a construção de uma cultura organizacional forte e alinhada com a missão, visão e propósito da sua companhia, especialmente em momentos de expansão e tração do seu negócio?
A intersecção entre cultura, tecnologia e local de trabalho
Construir e manter uma cultura organizacional não é uma tarefa fácil, especialmente em empresas que crescem rapidamente e atuam em diferentes países. Nesses casos, a cultura organizacional pode se diluir ou se fragmentar diante dos desafios impostos pelo crescimento acelerado, pela diversidade cultural e pela distância física entre as equipes.
O exemplo da Easy Taxi, uma das maiores startups da América Latina, que cresceu exponencialmente e se espalhou por mais de 30 países em menos de quatro anos, mostra como a tecnologia pode ser uma aliada na preservação e no fortalecimento desse ativo em cenários de alto crescimento, mantendo times unidos e focados na mesma direção, mesmo diante das dificuldades e das mudanças do mercado.
De fato, os recursos tecnológicos disponíveis atualmente podem ajudar de várias maneiras, facilitando e otimizando a comunicação, colaboração, integração, aprendizado, inovação e gestão à medida que uma marca se internacionaliza.
Quanto à comunicação, essa é peça-chave para transmitir e reforçar as premissas, as normas e as expectativas da cultura organizacional. Em empresas que atuam em diferentes países, cidades ou andares, inúmeros atritos podem ser criados devido às barreiras geográficas, linguísticas e culturais. Para eliminar e/ou minimizar esse impacto, hoje é possível contar com importantes ferramentas (como Zoom, Meet, Slack e Teams) que permitem a troca de informações em tempo real, de forma síncrona ou assíncrona, por texto, áudio ou vídeo.
Já com a colaboração, fundamental para estimular o trabalho em equipe, a cooperação e a confiança entre os colaboradores, as faltas de estrutura, de processos e de alinhamento entre as áreas geradas pelo movimento de escala podem ser compensadas com plataformas (Google Drive, Notion, Trello, Miro…) que possibilitam o trabalho conjunto, o feedback contínuo, a gestão de projetos e a solução de problemas por meio da criação e da edição de documentos online, organização e gerenciamento de conteúdos, acompanhamento e distribuição tarefas, bem como realização de brainstormings e design thinking.
No quesito integração, crucial para desenvolver um senso de pertencimento, de identificação e de engajamento dos colaboradores com a cultura da sua organização, em empresas que se expandem globalmente e são prejudicadas pela distância física, pela rotatividade e pela diversidade dos colaboradores, soluções como Workplace, Yammer, Feedz e Gupy podem ajudar a facilitar a socialização, o reconhecimento e a celebração de equipes.
Em relação ao aprendizado, essencial para capacitar e estimular o desenvolvimento profissional e pessoal dos seus times, a falta de acesso aos conteúdos ou aos instrutores adequados não é mais um problema ou, pelo menos, não deveria ser. Afinal, é possível promover uma cultura de lifelong learning por meio de ferramentas que permitem o acesso a cursos online (como G4 Educação, Masterclass, Section, Edx…), plataformas de ensino à distância (Moodle, Blackboard, Canvas etc.), sistemas de gestão do conhecimento (Confluence, Guru, Bloomfire…) e recursos multimídia (como podcasts, vídeos e infográficos, entre outros).
De igual modo, ao pensar em inovação, a tecnologia pode ajudar a fomentá-la por meio de sites que permitem a geração de ideias (IdeaScale, Brightidea, Ideanote), a prototipação rápida (Figma, InVision, Marvel), o teste de hipóteses (Google Optimize, Optimizely, VWO) e a validação de mercado (SurveyMonkey, Typeform, Google Forms).
Falando sobre gestão, vital para coordenar as atividades, os recursos e os resultados de uma companhia, esta é diariamente desafiada pela complexidade, pela incerteza e pela mudança constante do ambiente em que se está inserido. Pensando nisso, opções que permitem o planejamento estratégico (como Strategyzer, MindMeister, Mural etc.), o controle financeiro (QuickBooks, Xero, ContaAzul), o monitoramento de indicadores (Google Analytics, Tableau, Power BI) e a avaliação de desempenho (Lattice, 15Five, Feedbackly) são o verdadeiro game changer para o gestor.
Finalmente, é claro que em um mundo em que a AI merecidamente ganha mais destaque, praticamente todas essas atividades podem ser potencializadas e agilizadas por ferramentas como ChatGPT, da OpenAI; e Bing Chat, da Microsoft – este último, inclusive, permite usar gratuitamente o GPT-4, Large Multimodal Model (LMM) disponível no OpenAI apenas no plano Plus (US$ 20/mês). Para isso, basta escolher o modo “Criativo” dentro do Bing Chat e se maravilhar com o melhor que a tecnologia de AI tem a oferecer.
Cultura e tecnologia: a combinação estratégica das empresas que se expandem pelo mundo
Se a cultura é o que define a identidade, os valores e os propósitos de uma empresa, a tecnologia pode ser o elo que a diferencia e faz com que os seus colaboradores se sintam parte de algo maior. Afinal, culturas engajadas são valiosas e difíceis de copiar.
Contudo, como visto, manter uma cultura forte e coesa em empresas que crescem e se internacionalizam não é uma tarefa simples. É preciso contar com todos os canais disponíveis para facilitar e otimizar os processos do cotidiano, desde alinhar demandas a delegar tarefas e responsabilidades.
No fim do dia, essa é uma combinação poderosa e estratégica nas mãos de quem deseja criar e inovar, gerar valor e impacto, enfim, transformar o mundo para melhor, já que, nas palavras de Jason Lauritsen, cofounder e CEO da Check-In To Thrive: “o engajamento é uma decisão diária renovável que é dada voluntariamente quando a empresa se prova ser digna disso.”
Este artigo foi produzido por Tallis Gomes, co-fundador e mentor do G4 Educação, fundador da Singu e da Easy Taxi e colunista da MIT Technology Review Brasil.