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Em um mundo cada vez mais conectado e dinâmico, a engenharia eficiente tornou-se um pilar fundamental para as organizações que buscam destaque e inovação. Por meio dela, é possível identificar novas soluções para velhos problemas, garantindo uma abordagem mais precisa para os desafios emergentes. Um imperativo que vai além da otimização dos processos, buscando respostas estratégicas para um ambiente globalizado, onde a competição é acirrada e as margens para erros cada vez menores.
É preciso ter em vista, no entanto, que a busca por eficiência operacional engloba múltiplos fatores, incluindo pessoas, organização, cultura, processos e ferramentas. Um dos desafios primordiais é a tendência de subestimar a centralidade das pessoas nos processos de transformação. Para Alexandre Klaser, diretor de Transformação Digital e Operações na Thoughtworks Brasil, para obter verdadeiro sucesso, as empresas devem perceber que as pessoas vêm antes de processos e ferramentas.
O executivo explica que as organizações são sistemas adaptativos complexos e que, no mundo real, há uma série de fatores subjetivos, internos e externos, que devem ser considerados quando se fala de qualquer ação de mudança. “Essas ações devem ver processos e ferramentas não como um fim em si mesmas, mas como habilitadoras para que as pessoas dentro de uma organização possam responder mais rapidamente e com mais flexibilidade aos desafios e oportunidades que vão surgindo. Trata-se, portanto, de fomentar um conjunto de normas comportamentais que levem a uma cultura de melhoria contínua no lugar de uma adoção dogmática de qualquer processo ou prática”, explica.
Klaser lembra que a Era Digital introduziu um ritmo de mudança sem precedentes, exigindo que as empresas evoluam de um ambiente de trabalho determinístico para um ambiente emergente. A Transformação Digital, embora essencial, não deve ser vista apenas como um fim, mas como uma alavanca para otimizar as experiências do cliente por meio das tecnologias. Ao fazer isso, as organizações tornam-se mais adaptáveis, ampliando seu valor para os stakeholders e adaptando-se rapidamente às mudanças constantes.
Ele defende que as práticas Lean e Agile, quando corretamente balanceadas, podem servir como potentes impulsionadores para a entrega de valor. A chave é encontrar o equilíbrio correto entre abordagens Agile, ideais para lidar com situações desconhecidas e únicas, e práticas Lean, voltadas para cenários conhecidos e repetitivos. O foco central deve estar na criação de valor, incentivando práticas experimentais e fomentando a motivação intrínseca.
De acordo com Klaser, o futuro da eficiência operacional está inerentemente ligado à implementação de um modelo operacional simplificado. Esse modelo, em sua essência, inicia-se com uma perspectiva voltada para as necessidades do cliente. Os outcomes definidos, nesse contexto, são orientados por tais necessidades, estabelecendo assim as métricas necessárias para assegurar a mensuração correta dos elementos que determinam o sucesso da organização. Ao conhecer essas medidas, é possível moldar o trabalho a ser realizado para satisfazê-las, identificando as competências necessárias e definindo como os times devem ser estruturados. Quando as equipes estão alinhadas com o valor intrínseco de seu trabalho e possuem a capacidade de executá-lo internamente, a mensuração do impacto gerado se torna significativamente mais acessível.
A adoção dessa abordagem implica na estruturação de organizações de forma multifuncional, focadas em cadeias de valor. Esse alinhamento não apenas otimiza os fluxos de trabalho, promovendo uma atuação mais ágil e flexível, mas também prepara as empresas para se adaptarem com destreza às demandas em constante evolução do mundo moderno. A centralização em cadeias de valor permite uma resposta mais rápida e eficiente às necessidades do mercado, enquanto a multifuncionalidade das equipes facilita a inovação e a adaptabilidade, características essenciais para a sustentabilidade e crescimento no cenário competitivo atual.
É interessante explorar como esses conceitos se aplicam e se expandem em setores específicos, como o varejo. Para Viviane Carvalho, Senior Tech Advisor com 20 anos de atuação no segmento, a rápida transformação digital das empresas trouxe à tona a essencialidade da engenharia eficiente. Ela argumenta, no entanto, que o cenário atual da engenharia enfrenta desafios intrínsecos à digitalização e ao crescimento. Enquanto organizações expandem, muitas enfrentam entropia nos processos e a escala nem sempre se traduz em eficiência proporcional. Além disso, a engenharia de software, ao contrário de outros ramos da engenharia, possui uma subjetividade, com várias equipes atuando em diferentes partes de um projeto, tornando a comunicação e a interação cruciais para o sucesso.
A executiva acredita firmemente na “Plataforma Engineering” como uma solução, onde um arcabouço transversal é oferecido às equipes de engenharia. Esse conceito tem o intuito de reduzir a carga cognitiva dos engenheiros, oferecendo recursos pré-prontos e padrões já estabelecidos. Esse suporte centralizado visa não apenas acelerar o processo, mas também assegurar uma base sólida e consistente para o desenvolvimento.
No futuro visionado por Viviane, equipes de engenharia se beneficiarão de um “marketplace” que fornece estruturas base com padrões pré-definidos. Este estado da arte representa uma otimização onde os engenheiros começam seus projetos com uma vantagem significativa, já tendo à disposição todos os padrões essenciais, garantindo assim eficiência e qualidade desde o início.
Um cenário de competição acirrada
A digitalização de praticamente todas as esferas da sociedade legou ao ambiente corporativo pressões competitivas sem precedentes. Organizações de todos os tamanhos e setores enfrentam uma corrida contínua para se manterem à frente, adotando as mais recentes tecnologias e metodologias. Uma competição que se manifesta de diversas formas, desde a busca por inovações disruptivas até a necessidade de entregas mais rápidas e eficazes ao consumidor final. E em meio a essa luta por relevância, um desafio talvez ainda maior tem despontado no dia a dia das empresas: a garantia de previsibilidade nas operações.
Nesse cenário, as expectativas dos stakeholders crescem exponencialmente, a necessidade de reduzir custos torna-se mais que uma estratégia – é uma questão de sobrevivência. As empresas não buscam apenas cortar gastos, mas otimizar investimentos, garantindo que cada centavo aplicado gere valor real, tangível e sustentável. É neste contexto que a engenharia eficiente se posiciona como uma das principais aliadas na jornada para operações mais enxutas, seguras e lucrativas.
Não se trata apenas de fazer mais com menos, mas de aperfeiçoar processos e métodos para obter o máximo de valor em cada etapa. Ao pensar em produtividade, a otimização traz uma abordagem sistêmica focada em eliminar ineficiências, reduzir desperdícios e ampliar a capacidade de produção sem necessariamente investir em novos recursos. Isso pode resultar em ciclos de produção mais curtos, menos interrupções e, acima de tudo, em um produto ou serviço final de qualidade superior, capaz de atender às exigências dos clientes e superar expectativas.
Ao focar na otimização, identificar e corrigir gargalos, implementar práticas enxutas e usar tecnologias eficazmente pode ajudar na redução de custos operacionais. Por exemplo, adotar manutenção preditiva pode prevenir falhas de equipamento caras, enquanto adotar automação pode substituir tarefas manuais repetitivas, diminuindo erros e retrabalho. Tais práticas, quando bem implementadas, podem não apenas reduzir custos, mas também melhorar a confiabilidade e consistência dos processos.
Dessa forma, compreender a otimização na engenharia como uma jornada contínua se torna crucial. À medida que tecnologias evoluem, expectativas dos clientes mudam e o mercado se transforma, buscar excelência operacional se torna uma constante. Assim, organizações com mentalidade de melhoria contínua e sempre à procura de oportunidades para otimizar tendem a se posicionar favoravelmente em seus campos e garantir um crescimento sustentável.
Eficiência e eficácia
Para esmiuçar esse desafio de equilibrar os custos operacionais com a qualidade, vale destacar a distinção fundamental entre eficiência e eficácia dentro da engenharia. Eficiência aborda o “como”, buscando maximizar resultados usando o mínimo de recursos, enquanto eficácia focaliza o “o quê”, garantindo que os objetivos traçados se cumpram, independentemente dos meios. Em outras palavras, eficiência relaciona-se a executar as coisas corretamente, ao passo que eficácia se refere a escolher as coisas certas para fazer.
A estabilidade na otimização das operações apresenta-se como um objetivo a perseguir, um equilíbrio delicado entre diversos fatores. Equilibrar estratégias responsáveis, sustentáveis, seguras e eficientes torna-se essencial. Por exemplo, adotar uma tecnologia que acelere processos, mas com alto custo ambiental, desafia a sustentabilidade. Priorizar cortes de custos sem avaliar a segurança e a qualidade pode, a longo prazo, gerar mais prejuízos que benefícios.
Nesse cenário, a engenharia efetiva demanda uma visão abrangente e integrada. O grande desafio é manter esse equilíbrio, ser ágil sem comprometer a integridade, inovar com responsabilidade e buscar eficiência mantendo a eficácia como norte. Esta constitui uma caminhada de constante aprendizado e reinvenção, ajustando-se às necessidades de um mundo em evolução.
Consequentemente, a coleta e análise de dados surgem como ferramentas indispensáveis nessa jornada. Com a capacidade de extrair informações valiosas de um mar de dados, as organizações podem fazer escolhas mais fundamentadas, minimizar riscos e antecipar tendências. Esse processo, muitas vezes descrito como “Data-Driven Decision Making” (em português, Tomada de Decisão Baseada em Dados), proporciona uma vantagem competitiva significativa, garantindo que as decisões não se baseiem apenas na intuição, mas em evidências concretas.
Além disso, à medida que as tecnologias avançam, a implementação da Inteligência Artificial se destaca como uma força motriz na otimização da tomada de decisões. A IA tem o potencial de analisar vastas quantidades de dados em uma velocidade que supera a capacidade humana, identificando padrões e fornecendo insights críticos. Assim, ela não só potencializa a automação, mas também aprimora a precisão das decisões, permitindo uma resposta mais rápida e acertada às mudanças do mercado.
Dessa maneira, a concepção de uma “Fábrica de Decisão” se torna cada vez mais tangível. Visualizar a tomada de decisões como uma estrutura unificada e conectada é essencial para garantir coesão e consistência nas estratégias de uma empresa. Esta “fábrica” representa um sistema no qual os dados entram, são processados e analisados, e então transformados em ações estratégicas, sempre alinhados aos objetivos e valores centrais da organização. Em última análise, é uma abordagem que combina tecnologia e estratégia, otimizando o processo decisório para enfrentar os desafios de um mundo em constante transformação.
No entanto, para navegar com sucesso no dinamismo do mercado atual, a mera otimização não é suficiente. É fundamental cultivar uma mentalidade flexível que fomente a colaboração, a inovação e a adaptabilidade. Desta forma, as organizações se posicionam para enfrentar desafios emergentes, capitalizar oportunidades e garantir uma vantagem competitiva sustentável no longo prazo.
À medida que as organizações se posicionam para enfrentar desafios emergentes e capitalizar oportunidades, a transformação digital surge como um componente vital nesse cenário. O avanço tecnológico desencadeia uma onda de inovações que impactam profundamente a engenharia moderna, tornando a transformação digital não uma opção, mas uma necessidade. A engenharia não se trata apenas de projetos e construção, mas também da integração de tecnologias avançadas para melhorar a eficiência, qualidade e inovação.
Fluência Digital e capacitação
Dentro desse contexto, o conceito de “Fluência Digital” é uma abstração bastante poderosa. Não se trata simplesmente de familiaridade com ferramentas digitais ou de uma presença online. A Fluência Digital envolve a habilidade de uma organização em reformular seus processos de negócios, cultura e experiência do cliente utilizando as capacidades digitais para atender aos seus objetivos estratégicos. Assim, ela direciona a modernização de forma que esteja perfeitamente alinhada com os objetivos de negócios, garantindo que as inovações tecnológicas se convertam em vantagens competitivas tangíveis.
Contudo, a integração bem-sucedida de tecnologias e a transformação digital só podem ser realizadas por equipes competentes e atualizadas. Surge então, a relevância incontestável do investimento em capacitação e treinamento. Em um ambiente onde as mudanças são constantes, a atualização das equipes torna-se crucial para se manter à frente da curva.
A capacitação não apenas permite que os profissionais compreendam e apliquem novas tecnologias, mas também age como uma ferramenta de redução de erros e incremento na segurança. Equipes bem treinadas estão mais equipadas para identificar riscos, tomar decisões informadas e garantir que os padrões de segurança sejam mantidos. Assim, o treinamento não beneficia apenas o indivíduo, mas toda a organização, catalisando a marcha rumo à engenharia eficiente e eficaz.
É preciso ainda aliar práticas sustentáveis à eficiência operacional, pois eficiência e sustentabilidade frequentemente se interligam. Otimizar processos, reduzindo desperdícios, não só conserva recursos valiosos, mas também minimiza o impacto ambiental. Por trás dos benefícios ecológicos, a incorporação de métodos sustentáveis sinaliza economias significativas a longo prazo. Investimentos iniciais voltados para soluções verdes podem parecer elevados, porém os retornos, tanto em economia quanto em reputação, comprovam a pertinência dessas ações.
Organizações que integram práticas ecológicas frequentemente posicionam-se de maneira vantajosa no mercado, atraindo consumidores engajados e reduzindo custos operacionais ao longo dos anos. De acordo com o relatório “The Business Case for Eco-Innovation”, do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), as empresas que colocam a ecoinovação no centro de suas estratégias empresariais estão experienciando maior acesso ao mercado, criação de valor e um crescimento médio anual de 15%.
Desafios na prática
Na prática, essa jornada em direção à engenharia eficiente é repleta de desafios e a liderança desempenha um papel crucial na promoção da engenharia eficiente. é o que atesta Igor Freitas, vice-presidente de Tecnologia da ZAMP, master franqueada Burger King e Popeyes no Brasil. “A liderança, aliada a um time eficiente e antenado às tendências apresentadas pelos consumidores e clientes, é de extrema importância para se construir uma engenharia eficiente”, afirma.
Igor ressalta que embora a tecnologia e a Inteligência Artificial sejam essenciais nesse, o fator humano não deve ser ignorado. E que a sinergia entre a equipe e o uso adequado da tecnologia é vital. “A tecnologia deve ser empregada para ajudar em todos os processos, fomentando a nossa cultura de inovação, com foco em eficiência e rentabilidade. Por isso, queremos continuar explorando alavancas de inovação para usar a tecnologia a serviço das pessoas, clientes e colaboradores, em uma estratégia de people centric, implementando novas formas de automação, revolucionar nossos processos de gestão corporativa e dos restaurantes, trazendo inovações em áreas fundamentais para a estrutura organizacional da empresa, como supply, jurídico e gestão de pessoas”, completa.
Assim, segundo ele, uma abordagem humanizada e ágil é fundamental. Isso inclui o treinamento dos colaboradores para o uso de ferramentas digitais, dado o crescimento e a aceleração digital. Nesse sentido, Igor ressalta que ferramentas alternativas, como chatbots e plataformas baseadas em IA, como Sentinella e TOP, estão se mostrando essenciais para otimizar operações, desde a logística até a gestão de pessoas, permitindo respostas mais rápidas e eficientes às demandas e reduzindo custos.
Por fim, ele destaca, na esteira da eficiência, a sustentabilidade e a responsabilidade social não podem ser ignoradas. Tecnologias, como a plataforma Sentinella, demonstram como a engenharia eficiente pode ser uma ferramenta poderosa para atingir objetivos de sustentabilidade, como a redução do desperdício.
Portanto, o panorama da engenharia moderna é repleto de evolução, inovação e responsabilidade. A promoção da modernização, a valorização da eficiência, o investimento em capacitação e a ênfase na sustentabilidade delineiam os passos fundamentais nessa trajetória. Como profissionais e líderes industriais, a missão reside não apenas em alcançar resultados imediatos, mas em cultivar um legado para as gerações futuras.